Rejeitado

Bancada Cristã vota contra dia do combate ao feminicídio em BH

Alegação é de que o projeto atendia o gênero feminino em vez do sexo

Por Lucas Henrique Gomes
Publicado em 03 de julho de 2020 | 17:34
 
 
Bancada Cristã vota contra dia do combate ao feminicídio em BH Foto: Reprodução/Câmara Municipal de Belo Horizonte

A Câmara Municipal de Belo Horizonte rejeitou, nesta sexta-feira (3), a criação do dia municipal de combate ao feminicídio na cidade com 18 votos contrários, 13 votos favoráveis e três abstenções. A Frente Cristã da Casa puxou os votos contra o texto por entender que a medida se estendia à comunidade LGBT, já que um inciso do texto tratava sobre o gênero e não sobre o sexo.

O debate foi iniciado pelo vereador Jair Di Gregório (PSD) que, ao citar as transsexuais, disse que não se referir a elas pelo nome feminino porque, para ele, "são homens do mesmo jeito". Logo depois, o presidente da Frente Cristã, Autair Gomes (PSD) disse que não votaria com o projeto se o termo "gênero" fosse mantido.

Elvis Côrtes (PSD), ao citar a mesma palavra, disse que não aceitaria "termos sorrateiros" dentro da proposta. 

Das quatro mulheres com mandato, duas não votaram o projeto, a presidente Nely Aquino (Podemos) e Marilda Portela (Cidadania). Bella Gonçalves e Cida Falabella (PSOL), autoras do texto, votaram de forma favorável. Gabriel Azevedo (Patriota), por presidir a sessão no momento, não votou. 

Bella Gonçalves, que é lésbica, criticou a postura da bancada religiosa. "Eu estou devastada e ao mesmo feliz por ter minha moral intacta e não ser parte desse grupo de vereadores que de maneira covarde votou contra um projeto de lei que institui a visibilidade municipal do feminicídio. A bancada autointitulada cristã, que nada de cristã tem, argumentou como principal motivo para votação não ao PL, é que ele inclui mulheres lésbicas, bissexuais e transsexuais. Isso significa que eles não consideram que nós merecemos viver. São pessoas que pregam o ódio e o extermínio, mas nós vamos viver, embora o projeto tenha sido derrotado, nós somos vitoriosas por estamos vivas, ocupando a política e lutando na sociedade para que nenhuma de nós mais perca a sua vida", declarou.