O presidente Jair Bolsonaro iniciou, na manhã desta quinta-feira (16), reuniões com nomes cotados para substituir o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.

O primeiro a ser recebido foi o oncologista Nelson Teich, que chegou a ser cogitado para o posto durante a campanha eleitoral de 2018.

No encontro, segundo relatos de presentes, o médico fez uma exposição sobre as suas propostas para a pasta e expôs seu ponto de vista sobre políticas de enfrentamento do coronavírus.

Participantes do encontro dizem Bolsonaro ficou impressionado com a posição do médico, que recebeu avaliação positiva.

Também pela manhã, Mandetta disse que a pasta deve ter mudanças nas próximas horas. “Devemos ter uma situação de troca no ministério que deve se concretizar hoje ou amanhã”, disse Mandetta.

Desde o início da semana, fala-se na saída do ministro do cargo devido ao desgaste na relação com o presidente. “Eu sou a peça menor dessa engrenagem, eu escolhi muito bem a minha equipe”, completou Mandetta, ao explicar que o trabalho de combate continuará independentemente de quem vier a assumir o seu cargo.

No encontro desta manhã, além do presidente e de Teich, participaram ministros palacianos, como Walter Braga Netto (Casa Civil) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo).

O presidente fez uma sondagem ao médico, o que não chegou a ser um convite. Segundo aliados do oncologista, ele tem disposição em assumir o posto, caso seja convidado.

Nesta quinta-feira (16), o presidente também discutiu a sucessão de Mandetta com o presidente da Associação Médica Brasileira (AMB), Lincoln Lopes Ferreira, que indicou apoiar o nome de Teich.

Após as reuniões, Bolsonaro almoçou com o oncologista, Ferreira, e outros representantes da associação médica, além dos ministros Paulo Guedes (Economia) e Tarcísio de Freitas (Infraestrutura).

O almoço teve tom descontraído. No encontro, o presidente disse querer uma “condução técnica” no Ministério da Saúde.

Teich​, hoje o favorito para assumir o posto, conta com apoio de peso dentro e fora do governo para assumir a vaga. Ele tem o respaldo do secretário de Comunicação, Fábio Wajngarten, da equipe econômica e da cúpula militar.

Em seu perfil no LinkedIn, Teich se apresenta como conselheiro do secretário Denizar Vianna (Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos), do Ministério da Saúde, em dois períodos: setembro de 2019 a janeiro de 2020 e fevereiro a março deste ano, intervalo que coincide com o surto do novo coronavírus.​

Outro nome que está forte na lista de cotados é o de Claudio Lottenberg, presidente do Conselho do Hospital Israelita Albert Einstein.

O presidente deverá se encontrar com o médico até esta sexta (17).

Segundo aliados, Bolsonaro se impressionou com o currículo de Lottenberg e Teich. Chamou atenção a veia empresarial de ambos. A auxiliares, o presidente diz querer alguém que tenha larga experiência em gestão aliada ao conhecimento em medicina para substituir Mandetta.

O presidente trabalha com a ideia de que boa parte dos secretários hoje no Ministério da Saúde deixarão os cargos, porém, que boa parte da equipe técnica de carreira do órgão deverá permanecer.

Assim, o futuro titular da pasta poderia promover um choque de gestão no ministério.

Antes de tomar uma decisão, a intenção de Bolsonaro é conversar com pelo menos mais cinco cotados. A ideia é que as conversas sejam feitas até o final de semana.

​Além da equipe ministerial, Bolsonaro também tem sido orientado pelo senador e o filho Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) na escolha de um substituto.

A intenção do presidente é chegar a uma definição ainda nesta semana. Para não correr o risco de cometer um erro, ele tem sido aconselhado pelo núcleo moderado do Palácio do Planalto a avaliar as opções durante o final de semana e deixar um anúncio para a semana que vem.

Bolsonaro também tem simpatia pelo cardiologista Otávio Berwanger, que, no início do mês, participou de reunião com um grupo de médicos no Planalto.

Berwanger é diretor da organização de pesquisa acadêmica do Einstein e coordenador de estudos epidemiológicos da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo. O entorno do presidente, no entanto, avalia que ele dificilmente aceitaria.

Desde a semana retrasada, o presidente já havia decidido trocar o comando da pasta, mas tinha receio da repercussão de uma mudança em meio à pandemia de coronavírus.