Os atos em Brasília do último domingo (8), com depredações, quebradeira e danos ao patrimônio público, devem causar um prejuízo de pelo menos R$ 3 milhões ao Senado Federal, de acordo com a diretoria-geral da Casa.
O valor se refere apenas a itens que podem ser imediatamente repostos, segundo a diretora-geral do Senado, Ilana Trombka.
“O prejuízo que conseguimos estimar é aquele de itens que podem ser repostos, como vidro, carpete, espelhos, sofás, algo em torno de R$ 3 milhões. Mas há algo que não podemos estimar, como um painel de Athos Bulcão que foi danificado. Qual o valor de um painel de Athos Bulcão?”, disse.
Pela enorme quantidade de vidros quebrados pelos terroristas, só nesse tipo de material, os custos aos cofres públicos devem girar em torno de R$ 1 milhão. Já o tapete do Salão Azul, área de circulação comum do Senado, terá de ser trocado.
“O tapete foi completamente inundado, nós teremos que fazer a troca. É algo que além de ter o seu valor físico, há uma questão logística, pois toda vez que se troca tapete, há um cheiro de cola. [...] Se você caminhar lá hoje, parece que está pisando em um pântano”.
O objetivo do Senado é que a troca do piso se dê por completa antes do dia 1º de fevereiro, quando começa a próxima legislatura e os senadores eleitos nas últimas eleições serão empossados.
Além disso, serão substituídos computadores, celulares, equipamentos de comunicação social, locais e totens de votação, mesas, sofás e mobiliário.
Obras de arte e objetos históricos
Entre os objetos cujo valor de reparação ainda não foi calculado pelo Senado, e nem se será possível fazer a restauração, estão obras de arte e objetos históricos guardados, por exemplo, no Museu do Senado.
Um deles é uma tapeçaria feita pelo paisagista e artista plástico Burle Marx. Além de ter sido vandalizada, vândalos urinaram na peça.
Também foram danificados um quadro pintado em 1990 que retrata o momento da assinatura da Constituição de 1988 e na galeria com quadros dos presidentes do Senado, cinco pinturas, incluindo as de ex-presidentes da Casa, como Renan Calheiros, José Sarney e Ramez Tebet. Quatro delas devem ser restauradas internamente. Já outra ficou completamente danificada e terá de ser repintada.
Um item considerado de recuperação mais difícil é uma escrivaninha que pertencia ao antigo Palácio Monroe, que abrigou o Senado entre 1925 e 1960, no Rio de Janeiro, e estava na Presidência do Senado. Também tentará ser restaurado um tinteiro de bronze da época do Brasil Império.
Gabinete de José Serra
O único gabinete que os bolsonaristas conseguiram atingir diretamente foi o do senador José Serra (PSDB-SP), cujos vidros estão voltados para o lado de fora do Congresso Nacional.
De acordo com o Senado, os golpistas quebraram vidros que protegiam o local e tentaram colocar fogo na cortina, mas não conseguiram. Mesas, cadeiras, computadores, documentos e outros objetos ficaram intactos.
Bandeiras retiradas antes de golpistas chegarem
A diretora-geral do Senado, Ilana Trombka, também relata que durante a invasão ao Senado no último domingo, a Polícia Legislativa conseguiu retirar preventivamente as 27 bandeiras estaduais que estavam no Salão Azul.
O motivo é que o mastro que leva as bandeiras é pontiagudo e portanto, poderia ser usado pelos terroristas como arma contra os agentes. Os materiais não sofreram nenhum tipo de dano.
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