BRASÍLIA — O presidente do Congresso Nacional, senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), leu, nesta terça-feira (17), o requerimento de criação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para apurar a fraude no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).  

A CPMI foi articulada pela oposição e aderida por integrantes da base governista após pressão. A criação abre, agora, espaço para que partidos indiquem os integrantes. A expectativa é que os trabalhos sejam iniciados, com a realização de reuniões, a partir de agosto, na volta do recesso parlamentar.  

Alcolumbre anunciou em maio que atenderia ao pedido para criar a CPMI nesta terça-feira, após parlamentares da oposição revelarem uma promessa do presidente do Senado. A comissão funcionará de forma mista no Congresso, com integrantes da Câmara dos Deputados e do Senado. 

A fraude no INSS foi revelada em abril, após operação da Polícia Federal. De acordo com as investigações, associações fizeram descontos ilegais em benefícios de aposentados, com a cobrança de mensalidades não autorizadas direto na folha de pagamento. 

O rombo foi de R$ 6,3 bilhões. Segundo a PF, o esquema começou em 2019, no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), e foi interrompido em 2024, na gestão do atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Com isso, há uma expectativa de embate entre parlamentares da base e da oposição pela responsabilização do esquema. 

Na manhã desta terça-feira, a oposição se reuniu com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), para tentar reduzir o poder da base governista na CPMI. O regimento interno, no entanto, garante a participação seguindo proporcionalidade partidária, ou seja, sem excluir legendas. 

“Não pode ser uma CPMI chapa-branca. Ou seja, não pode ser uma CPMI com integrantes governistas. Tem que ter ali deputados e senadores que queiram entender o todo, seja da gestão anterior, de outros governos, mas que não fiquem fazendo o faz de conta”, declarou o líder da oposição na Câmara, deputado Zucco (PL-RS).