A pouco mais de um ano das eleições municipais de 2024, ao menos dez pré-candidatos já aparecem no tabuleiro eleitoral para a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH). Em um cenário em que o possível candidato à reeleição – o prefeito Fuad Noman (PSD) – ainda não foi testado nas urnas, a disputa, ao que parece, se desenha repleta de nomes que ainda precisam se consolidar no cenário eleitoral e político municipal. 

O atual cenário é bem diferente de três meses atrás, quando reportagem de O TEMPO mostrou um quadro sem movimentação para o Executivo municipal.

Agora, até o momento, apareceram, de alguma forma, no cenário eleitoral de 2024 – seja postos por eles mesmos ou por terceiros – os nomes de Fuad Noman; do presidente da Câmara Municipal, Gabriel Azevedo (sem partido); do senador Carlos Viana (Podemos); do jornalista Eduardo Costa (Cidadania); do tucano João Leite; dos deputados federais Pedro Aihara (Patriota), Duda Salabert (PDT) e Rogério Correia (PT) e dos deputados estaduais Bruno Engler (PL) e Bella Gonçalves (PSOL).

Apesar do número expressivo de nomes que vêm sendo ventilados, a corrida ainda é incerta, e não há uma previsibilidade do desempenho dos pré-candidatos, apesar de alguns cenários já começarem a se desenhar. 

Diferentemente da última eleição, em 2020, em que o então prefeito Alexandre Kalil (PSD) não teve dificuldade em ser reeleito ainda em primeiro turno, o sucessor Fuad Noman, tem que correr para apresentar uma boa gestão e se tornar conhecido ao eleitorado. 

Fuad assumiu a prefeitura no ano passado e, apesar de publicamente afirmar que ainda não sabe se vai para a reeleição, nos bastidores tenta costurar apoios para isso. Ele tem a questão da mobilidade e a articulação política, até mesmo no próprio partido, como grandes pedras no sapato.

O que pode ser uma antecipação do debate eleitoral, Fuad travou uma disputa com Gabriel Azevedo em torno das passagens de ônibus na capital.. 

Já Gabriel, que ainda está sem legenda para o pleito, deixa claro suas intenções de chegar à prefeitura. “Participo de eleições de maneira mais direta desde 2006. Há sempre uma quantidade enorme de gente ansiosa tentando prever o que vai acontecer antes da hora, mas o que acaba acontecendo é surpreendente, pois soma a sensação que os eleitores possuem diante do momento e a candidatura que mais se encaixa diante dos anseios e das expectativas, sobretudo no nível municipal onde o que conta mesmo é quem propõe as soluções para os problemas das pessoas”, diz Gabriel. 

A cientista política e coordenadora do Observatório Eleitoral da Associação Brasileira de Pesquisadores Eleitorais (Abrapel), Érica Anita, explica que a lógica eleitoral vem mudando, e por isso é normal que um ano antes da eleição tantos nomes sejam colocados e especulados sem a garantia de que sejam consolidados. 

Segundo ela, em outras épocas, a ciência política dividia o processo eleitoral em dois tempos: o da mídia – que era o momento da especulação sem participação dos partidos – e o da política – período das construções partidárias. Agora, ainda de acordo com ela, os agentes políticos passaram a atuar e colocar nomes bem antes do período eleitoral, inaugurando, o que chamou de “tempo da campanha constante”. 

“De uns anos para cá, essa divisão de tempo da mídia e tempo da política não nos ajuda mais a explicar as coisas. Os campos da política e da mídia se cruzam a todo momento, a mídia participa da política, e a política participa da mídia. Então, a gente já parte dessa ideia que os dois caminham juntos e também pela antecipação das coisas. Então, uma especulação que acontecia no tempo da mídia e pela mídia agora acontece muito antes, às vezes até dois anos antes do pleito, e ela não fica apenas no campo midiático, porque os políticos viram a importância dessas especulações”, destaca Érica.