A primeira pesquisa DATATEMPO para traçar cenários para a eleição municipal em BH no ano que vem também pesquisou sobre o posicionamento político dos eleitores. Conforme o levantamento, a maior parte se coloca no campo à direita: 33,8% se consideram entre a centro-direita, a direita e a extrema direita. No lado oposto, o somatório entre centro-esquerda, esquerda e extrema esquerda abrange 22,6% dos entrevistados.
Ao dividir todas as classificações em relação ao próprio posicionamento político, o maior percentual é daqueles que não sabem ou não responderam (31,5%). Em seguida, os belo-horizontinos disseram se enxergar politicamente desta forma, do maior para o menor percentual: 23,2% de direita, 15,8% de esquerda, 12% de centro, 5,8% de centro-direita, 5,5% de centro-esquerda, 4,8% de extrema direita e 1,3% de extrema esquerda.
Diante dos números principais, a cientista social e analista de pesquisa do DATATEMPO Bruna Assis afirma que há uma dificuldade histórica do eleitor para se posicionar ideologicamente, o que explicaria o alto percentual dos que disseram não saber ou que não responderam. “O posicionamento político é uma questão difícil de ser mensurada, sobretudo quando partimos de um autoposicionamento do eleitor dentro de uma escala predefinida – como é o caso da pergunta feita nesta rodada da pesquisa”, comenta Bruna.
Ela explica que, muitas vezes, o eleitor não entende exatamente o que significa ser de direita ou de esquerda em um contexto político. “É justamente por essa falta de compreensão do que significam os termos de classificação ideológica que vemos um grande percentual de eleitores que não sabem se posicionar”, comenta.
Homens e mulheres
A pesquisa DATATEMPO traz recortes estratificados em relação aos resultados encontrados nas ruas de Belo Horizonte. Considerando a forma como cada um se enxerga politicamente, no cruzamento por sexo, os homens são mais conservadores do que as mulheres: 40% deles estão no campo de direita (incluindo centro-direita e extrema direita), contra 28,7% delas.
Os números estratificados sobre o quadro à esquerda reforça esse diagnóstico por gênero: 20,7% dos homens entrevistados se enquadram dessa maneira (incluindo centro-esquerda e extrema esquerda), enquanto 24,2% das entrevistadas se dizem de esquerda. O total de homens no centro é maior: 12,8% contra 11,3%. É relevante ressaltar que a margem de erro da pesquisa é de 2,83 pontos percentuais para mais ou para menos.
No cruzamento por idade, há pouca variação. Ainda assim, aqueles entre 25 e 34, os chamados de “millennials”, são os que mais se colocam como de esquerda, representando 26,9%. Já os idosos são os que menos se enxergam assim: 21%. Os mais à direita são os entrevistados entre 45 e 59 anos (38,3%), enquanto os jovens entre 16 e 24 são os que menos dizem seguir essa ideologia (29,4%).
Maior parte se informa por TV, rádio e jornal
A forma que o eleitor de Belo Horizonte busca informações sobre seu candidato quando chega o período eleitoral também foi tema da pesquisa DATATEMPO. Conforme o levantamento, 26,1% priorizam a mídia tradicional, como TV, rádio, jornal e revista. Depois, aparecem as redes sociais, com 24,9%. Os sites de notícias vêm em seguida, com 17,2%. Fecham a lista o horário político gratuito (12,2%), as conversas com amigos, familiares e conhecidos (10,7%), os aplicativos de troca de mensagens (2,2%) e as igrejas (1,9%).
Há, ainda, uma parcela de 2,6% que não se informa, 1,9% que prefere outros canais e 1,5% que não respondeu ou não sabe.
Preferência se divide pela cidade
A pesquisa DATATEMPO também fez o raio-x do posicionamento político por regional administrativa de Belo Horizonte. Nesse levantamento, a Noroeste, onde ficam bairros como Caiçaras, Carlos Prates e Lagoinha, é a mais à esquerda, com percentual de 30,4% dos entrevistados.
Já a Oeste, onde estão Buritis, Gameleira e a Cabana do Pai Tomás, é a menos à esquerda: 15,8% se denominam assim. No espectro direitista, a Pampulha (41,7%) também tem esse perfil de moradores.
Recorte sempre muito debatido nas eleições, a escolha religiosa traz números bem diversos na pesquisa. Os entrevistados sem religião são os mais posicionados à esquerda (36%), enquanto os evangélicos são os que menos seguem essa posição política (14,4%). Quando a análise migra para a direita, o cenário se inverte: os evangélicos dominam, com 42,1%, e os sem religião somam o menor contingente, de 23,8%.
Metodologia
A pesquisa DATATEMPO realizou 1.200 entrevistas domiciliares, de 26 a 31 de agosto. A margem de erro é de 2,83 pontos percentuais para mais ou para menos. O intervalo de confiança é de 95%.