A decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, que suspendeu nesta quarta-feira (29) a nomeação de Alexandre Ramagem para a diretoria-geral da Polícia Federal não pegou de surpresa a chamada bancada da bala no Congresso Nacional. Em entrevista exclusiva concedida ao programa Patrulha da Cidade, da Rádio Super 91,7 FM, o deputado federal Capitão Augusto (PL-SP), que preside a Frente Parlamentar de Segurança Pública, disse que a decisão já era esperada pelo grupo, que é aliado do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

“Era algo que a gente já suspeitava e achávamos que haveria problemas na nomeação. Havia ao menos quatro pedidos junto ao STF para que suspendesse essa indicação”, disse o deputado, lembrando que a saída do ex-ministro Sergio Moro do comando do Ministério da Justiça, na última sexta-feira (24), se deu em decorrência justamente da indicação de Ramagem para o cargo.

O parlamentar também elogiou a escolha de André Mendonça para a vaga deixada por Moro. “É um nome respeitado, conheço pessoalmente e só tenho elogios a fazer a pessoa dele”, disse, lamentando também a saída de Moro do cargo. “Ele e o presidente Bolsonaro são pessoas para nós, que somos de direita, combatemos a corrupção, a criminalidade, o comunismo e o socialismo, referências”.

Durante a entrevista, o parlamentar voltou a defender o desmembramento do ministério. A ideia é que a Segurança Pública volte a ter uma pasta exclusiva, como ocorria até a gestão do ex-presidente Michel Temer (MDB). No último sábado, a frente comandada pelo Capitão Augusto encaminhou um ofício a Bolsonaro solicitando a separação.

“A bancada, conhecida como da bala, sempre teve essa bandeira. Assim como a saúde tem ministério próprio, com dotação orçamentária própria, e a educação também”, disse, sinalizando que a segurança pública, que integra, juntamente com as outras duas áreas, “o tripé dos problemas do país”, acabou sendo deixada em segundo plano. O parlamentar argumentou que a pandemia de coronavírus vai trazer problemas para a segurança pública nos próximos meses, o que justificaria a recriação de um ministério próprio.

Autor de um pedido ao STF para que a Polícia Federal continue a fazer a segurança do ex-ministro Sergio Moro, mesmo após sua saída do governo, o deputado afirmou que a decisão foi tomada pela preocupação com a integridade de Moro. “Moro sempre combateu a criminalidade nos seus 22 anos de magistratura. Facções criminosas, como a de Fernandinho Beiramar e Marcola passaram pela mão dele. Esse comportamento angariou inúmeros inimigos. Seria desumano não garantir a segurança de uma pessoa que é alvo fácil e está desamparada”.