O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, afirmou que o prazo de 50 dias para a captura dos dois fugitivos do Presídio Federal de Mossoró (RN), realizada nesta quinta-feira (4), foi “bastante razoável”. Eles foram encontrados em Marabá (PA), a mais de 1500 km do local da fuga, e estavam rumando para o exterior, de acordo com o ministro.

“Importante dizer que me parece um prazo razoável. Eu diria que segue os paradigmas internacionais. Não chegamos a dois meses, em um país de proporções continentais. O local onde eles se refugiaram era de matas, caatingas, as buscas foram prejudicadas por intensas chuvas, realmente uma área imensa. Fizemos todos os esforços possíveis”, disse.

A demora na recaptura estava prejudicando a imagem do governo federal. Lewandowski, inclusive, evitou divulgar os dados sobre os gastos relacionados à operação de recaptura. Contudo, conforme mostrou O TEMPO Brasília, 34 dias de buscas custaram cerca de R$ 1,5 milhão aos cofres públicos

Na avaliação do ministro, o trabalho de inteligência feito pela Polícia Federal (PF) e pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) foi finalizado com “muito êxito” e acabou “bem sucedido”

Ele também relata que os dois fugitivos receberam ajuda de outros criminosos desde que saíram do presídio. Eles foram encontrados em uma ponte, no que Lewandowski apelidou de “comboio do crime”, com outros veículos, fuzis, celulares e outros itens apreendidos pelos agentes de segurança. Após a captura, eles serão levados de volta para o presídio de Mossoró e ficarão em locais separados.

Os fugitivos são Rogério da Silva Mendonça, 36, conhecido como Tatu, e Deibson Cabral Nascimento, 34, chamado de Deisinho. Os dois são faccionados do Comando Vermelho (CV) e, antes da fuga, foram transferidos de um presídio estadual do Acre para o presídio em Mossoró após uma rebelião que deixou cinco pessoas mortas. 

Rogério e Deibson estavam em Regime Disciplinar Diferenciado (RDD), onde as regras são mais rígidas que as do regime fechado. Nesse tipo de ala há um local para o banho de sol para que os detentos não tenham contato com outros presos. Eles fugiram por um buraco no teto das celas, que são individuais na unidade prisional, e depois cortaram a cerca do presídio com um alicate deixado em um canteiro de obras.

Relembre

O caso foi o primeiro de fuga registrado no sistema penitenciário federal e gerou a primeira crise de Ricardo Lewandowski como ministro da Justiça e Segurança Pública, dias após a posse dele no cargo. Isso porque expôs falhas na segurança da unidade federal, incluindo câmeras desativadas e iluminação precária. Os fugitivos conseguiram escapar ao danificar a estrutura da luminária e cortar as grades externas com alicates.

As buscas estavam concentradas  principalmente entre Mossoró e Baraúna, localidades distantes aproximadamente 35 km uma da outra. O período de busca superou o caso do assassino em série Lázaro Barbosa em junho de 2021, em Goiás, que durou 20 dias. A Força Nacional também chegou a ser mobilizada para esse caso.

Em meio às buscas dos fugitivos, a Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen) transferiu 23 presos do presídio Mossoró. Entre eles, Luiz Fernando da Costa, mais conhecido como Fernandinho Beira-Mar, ex-líder do CV e considerado por autoridades como um dos maiores traficantes da América Latina.