A Marinha do Brasil fez uma cerimônia nesta sexta-feira (12), no Rio de Janeiro, para marcar a inauguração de seu mais novo submarino, o Humaitá. Em construção desde 2008, é o segundo dos quatro com propulsão diesel-elétrica previstos no Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub), da Classe Riachuelo, em parceria com o governo da França.
Depois que os quatro submarinos convencionais forem entregues, a parceria deverá resultar na construção do primeiro submarino à propulsão nuclear da Marinha do Brasil, o que, segundo as Forças Armadas, é fundamental para a soberania nacional. Mas esta quinta e última embarcação só deve ser entregue em 2031.
O submarino com propulsão nuclear será batizado de Álvaro Alberto, em homenagem ao almirante que foi um dos grandes incentivadores do programa nuclear da Marinha. Ele poderá ficar submerso por um tempo muito maior que os convencionais, pois não precisa vir à tona para alimentar seu sistema de propulsão, que não depende de ar.
O valor total estimado pela Marinha para os quatro submarinos convencionais é de 100 milhões de euros, o equivalente a cerca R$ 630 milhões, em câmbio atual. Os quatro somados equivalem ao mesmo valor orçado para o submarino movido por energia nuclear, também 100 milhões de euros.
Novos submarinos serão destinados principalmente à Amazônia Azul
A principal meta do Prosub, com os cinco novos submarinos, é ampliar a capacidade de proteção da chamada Amazônia Azul, área marítima com 5,7 milhões de km². O S-40 Riachuelo, primeiro a ser entregue no programa – foi lançado ao mar em 2028, mas entrou em operação oficialmente em setembro de 2022 –, já foi destinado para tal missão.
Até a entrega do S-40 Riachuelo, o Brasil tinha apenas cinco submarinos da classe Tupi para atuar sob as águas. Considerados obsoletos, os Tupi foram comprados da Alemanha, nos anos 1980. Enquanto eles chegam a no máximo 270 metros de profundidade, as embarcações da Classe Riachuelo vão a 300 metros, além de serem mais rápidos e acomodarem mais militares de forma mais confortável.
Os quatro novos submarinos têm uma capacidade operativa de até 80 dias no mar, podendo ficar submersos por até cinco dias, sem necessidade de vir à tona para influxo de ar aos motores a diesel, o que garante um grande raio de ação, podendo ir sem paradas, por exemplo, do Rio de Janeiro ao Rio Grande do Sul.
Humaitá pode abrigar uma tripulação de até 35 pessoas
Apesar de estrear oficialmente na frota da Marinha nesta sexta-feira, o Humaitá está em águas brasileiras desde março de 2023. Com capacidade de ficar até cinco dias sem voltar à superfície, o navio passou por um rigoroso período de testes, que incluíram imersão dinâmica e imersão em grande profundidade, no litoral do Rio de Janeiro.
Confira abaixo as principais características da embarcação:
- Tripulação: 35 – oito oficiais e 27 praças
- Profundidade máxima: 300 metros
- Velocidade máxima: 20 nós (cerca de 37 km/h)
- Comprimento: 71,6 metros
- Diâmetro: 6,2 metros
- Calado: 5,5 metros
- Boca: 6,2 metros
- Deslocamento: 1.870 toneladas e 2.200 toneladas submerso
- Propulsão: 4 motores diesel MTU 16V 396 SE84 (2990cv/hp), 1 motor elétrico Jeumont Schneider (2.8MW)
- Autonomia: 70 dias no mar, 13.000 milhas a 8 nós; pode navegar 400 milhas a 4 nós sem usar o snorkel
- Armamento: 18 torpedos F21 de 533 mm; 6 tubos lançadores; 8 mísseis Exocet SM 39 ou Mansup
Já o precursor Riachuelo tem 70,62m de comprimento, 6,2m de diâmetro, deslocamento na superfície de 1.740 toneladas e deslocamento em imersão de 1.900 toneladas. Seu sistema de combate inclui seis tubos lançadores de armas, com capacidade para lançamento de torpedos eletroacústicos pesados, mísseis táticos do tipo submarino-superfície e minas de fundo.
Parceria inclui infraestrutura para operação e manutenção dos navios
O programa franco-brasileiro prevê, além dos quatro submarinos de propulsão convencional — com motores diesel-elétricos de fabricação francesa — e a quinta embarcação de propulsão nuclear, a construção de infraestrutura para a operação e manutenção dos navios, com uma Unidade de Fabricação de Estruturas Metálicas (UFEM), um Estaleiro de Construção (ESC) e outro de Manutenção (ESM), uma Base Naval, um elevador de navios e oficinas equipadas no estado da arte.
Apenas 10 países, incluindo o Brasil, fabricam submarinos convencionais. E comente cinco produzem submarinos nucleares, time ao qual o Brasil irá se juntar em mais alguns anos.