BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) respondeu indiretamente a declaração dada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, nesta sexta-feira (1º/8), que indicou a abertura de um canal de negociação sobre o tarifaço aplicado a produtos brasileiros. O norte-americano afirmou que o presidente brasileiro pode ligar para ele "a qualquer momento".

Horas depois, Lula usou as redes sociais para declarar que sua equipe nunca hesitou em negociar. "Sempre estivemos abertos ao diálogo", afirmou. "Quem define os rumos do Brasil são os brasileiros e suas instituições", acrescentou repetindo as falas anteriores sobre a soberania brasileira. "Neste momento, estamos trabalhando para proteger a nossa economia, as empresas e nossos trabalhadores, e dar as respostas às medidas tarifárias do governo norte-americano", concluiu.

Antes da publicação de Lula, o ministro Fernando Haddad indicou que a declaração de Trump era ótima. "A recíproca, tenho certeza, é verdadeira também. O presidente Lula estaria disposto a receber um telefonema dele quando ele quisesse também. É muito importante a gente preparar essa conversa", declarou na saída do Ministério da Fazenda.

"A qualquer momento", diz Trump

O presidente Donald Trump declarou que Lula pode ligar para ele "a qualquer momento" para discutir o tarifaço, que começará a valer em 6 de agosto e sobretaxará os produtos brasileiros exportados para os norte-americanos. Trump disse ainda que "ama o povo brasileiro" e se dispôs a conversar com Lula. 

A declaração do presidente norte-americano pode alterar a direção das negociações entre Brasil e Estados Unidos. A indicação até então era que Trump não estaria disposto a abrir um canal de diálogo com Lula para tratar sobre o tarifaço. 

Na última terça-feira (29/7), a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, declarou que ainda não havia condições de uma ligação entre os presidentes. A situação aparentemente mudou, e reforça uma pressão que já existia, principalmente por parte dos senadores que cumpriram missão oficial nos Estados Unidos, para Lula telefonar para Trump. 

O tarifaço aplicado por Trump aos produtos brasileiros remetidos aos Estados Unidos é mais brando do que o inicialmente esperado pela equipe econômica de Lula. Uma lista com quase 700 exceções foi publicada pelo governo norte-americano na quarta-feira (30/7), poupando itens da sobretaxação, entre eles o suco de laranja e as peças e aeronaves fabricadas pela Embraer. Carnes, café e pescado ainda constam no rol dos produtos que sofrerão com as taxas de 50%, e o governo brasileiro ainda quer negociá-las.