BRASÍLIA - O presidente da COP30, o embaixador André Corrêa do Lago, afirmou nesta sexta-feira (1º/8) que não há a possibilidade de o evento ser retirado de Belém. A declaração foi uma resposta a um pedido, assinado por representantes de 25 países, de mudar a sede da Conferência por causa dos preços exorbitantes cobrados pela rede hoteleira da capital paraense.
“Quero deixar bem claro que a COP vai ser em Belém, o encontro de chefes de Estado vai ser em Belém, e não há nenhum plano B”, disse, em coletiva de imprensa.
Na quinta-feira (31/7), Corrêa do Lago tornou pública a insatisfação com os valores abusivos e o movimento dos países pela mudança de local. Em entrevista a correspondentes estrangeiros, ele externou o problema durante um evento com o Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP).
Com isso, aumentaram as dúvidas em torno da realização da Conferência do Clima da ONU em Belém. Diante dos questionamentos, o presidente da COP30 reafirmou que a capital paraense receberá o evento.
“O que aconteceu é que ocorreu uma reunião de emergência em que se manifestaram representantes de países. Isso foi atribuído a mim, mas eu estava relatando, apenas. O que os representantes disseram é que há uma preocupação muito grande por causa dos preços para hospedagem em Belém e que esses preços estão muito acima de qualquer aumento em qualquer outra COP de que se tenha conhecimento”, disse.
Também nesta sexta-feira, o ministro das Cidades, Jader Filho, garantiu que a COP30 não sofrerá mudança de sede. Ele é irmão do governador do Pará, Helder Barbalho, e afirmou que as autoridades locais resolverão o problema.
“O presidente Lula, quando escolheu Belém como a sede da COP, tinha uma intenção de mostrar para o mundo como é a realidade de uma cidade amazônica. O que o presidente está querendo é que a gente possa fazer uma discussão sobre a Amazônia numa cidade amazônica, e eu acredito que essa questão das hotelarias, seja através do governo do Estado, seja do governo federal, nós vamos encontrar uma solução relacionada a isso”, disse.
Abuso nos preços
Em alguns casos, diárias chegam a ultrapassar os R$ 10 mil, o equivalente a até 15 vezes o valor normal para o mesmo período na cidade. A situação motivou uma investigação da Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), subordinada ao Ministério da Justiça, que apura se há abuso no aumento dos preços. A medida gerou críticas entre representantes da rede hoteleira na cidade.
Outra iniciativa do governo é o lançamento de uma plataforma oficial de hospedagem. A organização contratou a empresa Bnetwork, que já atuou em edições anteriores da COP, para operar o site.
Segundo a organização, a plataforma reúne duas opções de oferta: acomodações em hotéis e os apartamentos privados, designados para o período da conferência.
Para suprir a demanda, o governo, junto com autoridades do Pará, busca alternativas a hotéis e apartamentos convencionais, também como uma forma de baratear a hospedagem. Escolas estaduais estão tendo suas salas reformadas e adaptadas para servirem como hostels, alojamentos militares e espaços religiosos. O mesmo vale para navios de cruzeiro, que ficarão atracados no Porto de Outeiro, a 20 quilômetros do local do evento.