Governo

Lula deve se encontrar com Lira para tentar apaziguar a relação

Durante a reunião, o presidente da República também deve abordar a liberação de emendas parlamentares

Por Gabriela Oliva | Fransciny Ferreira
Publicado em 19 de abril de 2024 | 18:50
 
 
Na ordem, o presidente da Câmara, Arthur Lira, e o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), planeja se encontrar com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), na próxima semana. A possibilidade desse encontro surgiu durante reunião nesta sexta-feira (19) entre o petista e líderes do governo, no Palácio do Planalto.

O objetivo do encontro é aparar as arestas da relação entre o governo e o presidente da Câmara, que piorou nos últimos dias após conflito com o ministro-chefe da Secretaria das Relações Institucionais, Alexandre Padilha. Lira chegou a chamá-lo de "incompetente" e "desafeto pessoal".

O planejamento desse encontro ocorre em meio à crescente tensão entre Arthur Lira e o governo Lula. Por isso, ainda não está confirmada a presença de Padilha no encontro, já que uma das metas é melhorar a relação entre o Executivo e o Legislativo.

A oposição vê nesse estremecimento de relação uma chance de fortalecimento no Legislativo, o que poderia impactar a tramitação de projetos do Executivo. Na terça-feira (16), Lira comunicou aos líderes partidários sua intenção de dar voz aos críticos do governo, que planejam ações para prejudicar a administração atual. Isso inclui a possibilidade de abrir CPIs sobre temas desfavoráveis ao Palácio do Planalto.

Nesse contexto, Lula busca encerrar o escalonamento das divergências. Segundo interlocutores, durante o encontro com o político alagoano, ele pretende enfatizar seu respeito pelo Legislativo e suas decisões, mas ressaltando que, em ano eleitoral, a crise não é benéfica para nenhum dos lados.

Além disso, o petista deve reafirmar seu apoio a Alexandre Padilha na articulação do governo. Mas pretende colocar panos quentes na situação ao indicar que a conversa na Câmara pode continuar sendo intermediada por José Guimarães, líder do governo na Câmara dos Deputados, que tem mediado as tensões entre Lira e Padilha.

Na última sexta-feira (12), Lula defendeu o ministro Padilha em um discurso durante a inauguração da nova sede da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), destacando sua persistência no cargo.

Emendas parlamentares

Durante a reunião, Lula também deve abordar a liberação de emendas parlamentares. Esta semana, o presidente autorizou cerca de R$ 2,4 bilhões em emendas, priorizando aliados no Congresso Nacional.

Essas emendas são recursos utilizados por parlamentares para financiar obras e projetos em suas bases eleitorais, visando ganhar capital político junto aos eleitores.

No entanto, o governo tem controle sobre o ritmo desses repasses, podendo utilizá-los estrategicamente para avançar com propostas do presidente, tornando as autorizações de emendas uma moeda de troca comum em votações no Congresso.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), aliado de Lula, teve R$ 24 milhões liberados, enquanto Arthur Lira ainda aguarda a liberação de suas emendas. O petista pretende articular que, se a conversa progredir bem, as emendas para Lira e seus aliados também serão liberadas.