BRASÍLIA – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quarta-feira (13) que os Estados Unidos “querem brigar”, mas que o Brasil é de paz e só deseja negociar com o governo de Donald Trump, que impôs tarifas de 50% sobre produtos brasileiros .
O petista fez as declarações no Palácio do Planalto, durante a cerimônia de assinatura da medida provisória do “Plano Brasil Soberano”, com medidas para mitigar os impactos econômicos do tarifaço imposto pelo governo norte-americano.
“Ninguém está desrespeitando regras de direitos humanos, como estão tentando apresentar ao mundo. Nossos amigos americanos, toda vez que eles tentam brigar com alguém, tentam criar uma imagem de demônio contra as pessoas com quem eles querem brigar”, disse Lula.
“É assim com a América Latina, com o mundo árabe, com os russos, com os países asiáticos. Agora, querer falar em direitos humanos no Brasil... Tem que olhar o que acontece no país que está acusando o Brasil”, emendou o presidente brasileiro.
Lula se referiu ao documento elaborado pelo Departamento de Estado dos EUA que faz críticas a ele e ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) – por causa da prisão de apoiadores do ex-presidente e da ação por suposta tentativa de golpe de Estado.
“O meu time não tem medo de brigar. Se for possível brigar, a gente vai brigar. Mas, antes de brigar, a gente quer negociar. A gente quer vender, quer comprar”, ressaltou Lula na cerimônia desta quarta-feira. Em seguida, ele fez analogia com o mundo do futebol.
“Meu time de negociador está aqui. Primeira linha. Nem o Real Madrid, nem o Barcelona, nem o Paris Saint-Germain chegam perto do meu time de negociação”, afirmou o presidente, citando três dos maiores times de futebol do mundo.
“Agora é preciso contar para o outro lado que nós não estamos anunciando reciprocidade. Nós não queremos, neste primeiro momento, saber nada, nada que justifique, sabe, piorar a nossa relação. Nesse momento, nós estamos tentando aproximar a relação”, frisou Lula.
“A gente vai continuar teimando em uma negociação porque nós gostamos de negociar. Nós não queremos conflito. Não quero conflito nem com Uruguai, nem com a Venezuela, quanto mais com os EUA. Agora, a única coisa que precisamos exigir é que a soberania nossa seja intocável, [que] ninguém dê palpite nas coisas que nós temos que fazer”, reforçou Lula.
Lula diz que Brasil procura 'alternativas'
Em outro momento, porém, o presidente afirmou que “essa aposta que o governo dos Estados Unidos está fazendo pode não dar certo para eles” e que o governo norte-americano está com “bravatas” e não quer negociar.
O petista falou ainda que o Brasil está procurando alternativas “para que os EUA aprendam que democracia e respeito comercial e multilateralismo vale para nós e deve valer para eles”.
Lula afirmou que o presidente da China, Xi Jinping, “assusta” os EUA porque tem balança comercial de US$ 160 bilhões com o Brasil. O petista disse ainda que “o Brasil, a gente vai continuar assustando muita gente” porque vai continuar melhorando sua produção.
O presidente brasileiro também citou a Índia, que, assim como a China, integra o Brics. “Nós temos muito que aprender com a Índia. Em vez de ficar chorando aquilo que nós perdemos, vamos procurar ganhar outro lugar. O mundo é grande”, ponderou.
“Eu já falei com Índia, China, Rússia, vou falar com a França, com a Alemanha. Eu vou falar com todo mundo. Eles se dão conta do que está acontecendo no mundo e, junto aos Brics, nós vamos fazer uma teleconferência que está sendo articulada para a gente discutir, dentro dos Brics, o que podemos fazer para melhorar a nossa relação entre todos os países que foram acertados”, comentou Lula.