O MDB fez um convite nesta quinta-feira (4) para que o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), se filie ao partido. O anúncio foi feito após uma reunião entre Kalil, o ex-presidente Michel Temer (MDB) e deputados emedebistas, tanto estaduais, como Sávio Souza Cruz, João Magalhães, Douglas Melo e Tadeu Martins Leite, como federal, como Fábio Ramalho.
Segundo Temer, que veio a Belo Horizonte para participar de um almoço com empresários, ele pediu para fazer uma visita de cortesia a Kalil devido ao relacionamento construído entre os dois quando o ex-presidente ainda governava o país.
“Agora, eu sei que ele está sendo convidado pelo MDB de Minas Gerais para o partido. Eu já percebi que pelos emedebistas que estão aqui que ele seria muito bem recebido”, disse Temer à imprensa após o encontro.
Questionado se o MDB apoiaria a candidatura de Kalil ao governo de Minas mesmo se o prefeito não trocasse de partido, Temer disse que a decisão é local. “Isso quem vai decidir é o MDB daqui. Vamos conversar mais para a frente, mas a decisão é local”, afirmou.
Apesar da fala do ex-presidente, a visita dele e o convite a Kalil foram interpretados por interlocutores do prefeito como um sinal de de apoio do MDB nas eleições para o governo de Minas em 2022. No entanto, há resistências internas, como a exercida pelo presidente do diretório estadual da sigla em Minas Gerais, o deputado federal Newton Cardoso Jr. (MDB).
Publicamente, o parlamentar comemorou o convite a Kalil. “Seria ótimo! Depois de mais de 30 anos Belo Horizonte volta a ter um prefeito do MDB, caso ele venha”, disse o deputado a O TEMPO. "Mas quero reiterar que o Diretório do MDB de Minas Gerais desconhece o convite feito", acrescentou.
Questionado se o convite do partido ao prefeito de Belo Horizonte é uma sinalização de apoio nas eleições de 2022, Newtinho disse apenas que o pleito ainda está longe.
O presidente do MDB mineiro trava uma briga interna pelo controle do diretório estadual com o grupo liderado pelo secretário de Governo da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) e coordenador político de Kalil, Adalclever Lopes (MDB).
A presença de deputados no encontro é uma indicação de que pelo menos parte da bancada federal e a maioria da bancada estadual — quatro dos sete deputados estiveram na PBH — estão com Lopes.
Kalil não falou com a imprensa e ainda não há informações sobre a posição dele sobre o convite feito pelo MDB. O TEMPO procurou a PBH, mas não obteve resposta. O sentimento entre aliados do prefeito é que, pelo menos neste momento, ele irá permanecer no PSD.
Também estiveram presentes no encontro o presidente da ALMG, Agostinho Patrus (PV), cotado para ser vice na chapa de Kalil, e o vice-prefeito Fuad Noman (PSD), assim como Adalclever Lopes. O ex-senador Romero Jucá (MDB) também participou da reunião, mas deixou o local antes do término do encontro sem falar com a imprensa.
Convite partiu de Temer, diz ex-ministro Hélio Costa
Apesar de Temer ter deixado a autoria do convite no ar, de acordo com o ex-ministro Hélio Costa (MDB), que também participou da reunião, foi o próprio ex-presidente que fez o convite.
“Foi um convite feito pelo ex-presidente da República, Michel Temer, que é uma referência no MDB e um quadro histórico. Quando ele convida o prefeito Kalil para integrar o partido, é evidente que nós todos estamos cumprimentando o Kalil e esperando que ele tome essa decisão. É importante para o partido ter figuras como ele. É um prefeito bem avaliado que tem feito um trabalho muito bom para Belo Horizonte”, disse.
Se Kalil recusar o convite, Costa disse que caberá à direção do MDB decidir, no futuro, se vai apoiar a candidatura do prefeito de Belo Horizonte ao governo de Minas.
“Eu sou apenas um filiado do partido, um ex-senador, e tenho participado de alguns eventos. Mas a verdade é que o Kalil é uma pessoa muito querida e, independente de partidos, tem história na cidade, é popular e tem aceitação em todas as classes de Belo Horizonte e possivelmente de Minas Gerais”, afirmou.
Matéria atualizada às 17h45 com mais informações.