Atlas Político

Maioria quer impeachment, e Bolsonaro é mais rejeitado que rivais, diz pesquisa

Ex-ministros que deixaram o governo recentemente, Moro e Mandetta são os mais bem avaliados

Seg, 27/04/20 - 08h33

A primeira pesquisa realizada após os embates que culminaram com a saída do ex-juiz Sergio Moro do Ministério da Justiça aponta que a maioria da população agora quer o impeachment do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Os números coletados pela consultoria Atlas Político entre os dias 24 e 26 de abril mostram também que o chefe do Executivo já tem avaliação negativa maior do que a de adversários cujo desgaste junto à população é notório, como o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Foram ouvidas 2.000 pessoas em todo o país, e os dados foram divulgados pelo jornal “El País”.

De acordo com os números, o índice dos que agora defendem um impeachment do presidente passou de 45% para 54% entre março e abril. Por outro lado, os que são contrários à saída do chefe do Executivo foram de 45% para 37%. Os que não sabem foram de 7% para 9%. É a primeira vez que o apoio ao impeachment alcança mais da metade da população brasileira. Há 11 meses, em maio do ano passado, só 38% apoiavam o impeachment.

Os pedidos de impeachment de Bolsonaro são impulsionados pela forte piora na avaliação do governo. Na pesquisa de abril, 49% consideraram o presidente ruim ou péssimo. Esse grupo era de 41% em março. Já os que acham o governo regular passaram de 33% para 28%. Aqueles que veem Bolsonaro como ótimo ou bom, que eram 26% em março, agora são 21%. Em relação a fevereiro, quando foi feita a primeira pesquisa de 2020, a avaliação negativa subiu 11 pontos, e a positiva caiu 8 pontos.

Além disso, em relação ao desempenho pessoal do presidente, são 64,4% os que o desaprovam e 30,5% os que aprovam. Outros 5,1 não sabem. Há apenas dez dias a aprovação era de 37,6% e a deaprovação era de 58,2%.

Em contraposição a Bolsonaro, a avaliação do agora ex-ministro Sergio Moro segue melhorando. Em abril, os que o avaliam positivamente são 57,3%, e os que veem sua atuação como negativa são 31,2%. Aqueles que não sabem ou não responderam são 11,7%. Em março os números eram 54,4%, 37,2% e 8,4%, respectivamente.

O Atlas Político também mediu a imagem de líderes políticos brasileiros junto à população, e os dois mais bem avaliados são justamente os ministros que entraram em atrito com Bolsonaro. Luiz Henrique Mandetta, demitido pelo Ministério da Saúde, alcança 63% de avaliação positiva (23% negativa), e Sergio Moro é avaliado positivamente por 57% (37% o reprovam).

O terceiro da lista é Paulo Guedes, ministro da Economia, que tem sido escanteado por Bolsonaro nos debates sobre a retomada da economia. Ele tem 40% de avaliação positiva e 38% de avaliação negativa.

Bolsonaro vem em seguida, com 30% de avaliação positiva. Contudo, é o mais reprovado entre todos os nomes analisados: 65% avaliam negativamente o presidente. Isso acontece porque, no caso de Bolsonaro, o índice dos que disseram não saber é o menor entre os de todas as autoridades: apenas 5%.

Os grandes adversários do presidente têm rejeição menor que a dele. O ex-presidente Lula, por exemplo, é aprovado por 29% e rejeitado por 60% dos brasileiros. O governador de São Paulo, João Doria, tem 28% de avaliação poitiva e 50% de avaliação negativa. Um pouco abaixo, mais ou menos na mesma faixa, aparecem o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (24% positiva e 56% negativa), o ex-ministro Ciro Gomes (24% positiva e 55% negativa), o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (23% positiva e 55% negativa), e o apresentador de TV Luciano Huck (22% e 48%). Chama a atenção o fato de a rejeição ao presidente da Câmara, hoje o principal alvo das manifestações do grupo bolsonarista, ter rejeição 10 pontos menor que a de Bolsonaro.

A íntegra da pesquisa pode ser conferida no site do Atlas Político: https://www.atlasintel.org/poll/atlas-br-042620

Veja alguns gráficos:

Carregando...

Carregando...

Carregando...

---

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo mineiro, profissional e de qualidade. Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar.

Siga O TEMPO no Facebook, no Twitter e no Instagram. Ajude a aumentar a nossa comunidade.