Lançado pré-candidato à presidência da República neste sábado (16/8), o governador mineiro, Romeu Zema (Novo), falou com exclusividade para O TEMPO e não escondeu o que pensa sobre pontos estratégicos de sua campanha presidencial. Zema explicou a ideia de pulverizar candidaturas de direita no primeiro turno para garantir uma vitória no segundo turno e também sobre o papel do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no pleito. 

Também destacou avanços de sua gestão em relação à administração do ex-governador Fernando Pimentel (PT), que o antecedeu no comando do estado. Falou do confronto com Lula (PT) e não fugiu de temas que acabaram resultando em críticas após falas polêmicas, como a posição do governador mineiro em relação à população em situação de rua e à ditadura militar.

Confira os principais pontos da entrevista exclusiva concedida ao jornalista Hédio Ferreira Júnior: 

Pulverização de votos e relação com Bolsonaro

“Muito provavelmente teremos alguns candidatos pela direita e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) vê isso com bons olhos. Eu também concordo com essa posição: quanto mais candidatos à direita tivermos, e provavelmente serão alguns governadores, mais votos ela (a direita terá). Cada governador será muito bem votado em seu respectivo estado e terá condições de transferir votos para o segundo turno. Então, estou muito confiante que, no ano que vem, teremos, na eleição presidencial, uma guinada à direita para resolver esses problemas que estão aí.

Como a eleição presidencial sempre se resolve no segundo turno, esses vários candidatos unidos no segundo turno irão fortalecer a direita. Num primeiro turno haverá, realmente, uma divisão dos votos, mas no segundo turno todos estarão juntos e muito mais fortes que a esquerda”, diz Zema.

Governo Fernando Pimentel e legado do PT

“Brasileiro não quer propaganda, não quer promessa. Não sou político profissional, sou um político diferente; venho do setor privado. Quem vê o histórico do nosso governo nesses quase sete anos sabe o quanto o estado avançou. Peguei um estado destroçado, arruinado pleo PT, tive ainda que pagar quase três anos de folha de pagamento parcelado, décimo terceiro parcelado e agora somos um estado que está economicamente organizado e crescendo acima da média”, argumentou.

“O grande feito nosso foi o seguinte: herdamos um cemitério de obras inacabadas e vou entregar ao meu sucessor um canteiro de obras em andamento, com recursos já reservados. Minas segue avançando e ainda vou concluir os cinco hospitais regionais que o PT parou as obras, recuperando as estradas, então são várias frentes”, disse.

“O que queremos é mostrar para o Brasil. A medida que o brasileiro ver que muitos problemas, inclusive criminalidade alta e combate às organizações criminosas, têm sido feito efetivamente em Minas Gerais e que pode ser feito no Brasil, com toda certeza ele vai ver que existe solução para estes problemas, que ficam muitas vezes só na promessa”, avalia.

População de rua

“Sou contra morador de rua, sim. Quando alguém para um carro em algum lugar inadequado, ele não é guinchado? Na minha opinião sobre morador de rua, existem albergues, existe estrutura para acolhê-lo e ele decidiu que quer dormir na rua. É mais complexo, mas você pode fazer isso sem agredir ninguém, mas colocar uma lei dizendo que é proibido dormir em área pública, que é proibido acampar em área pública. Não é proibido acampar no Planalto do Palácio, que é uma área pública? Vamos colocar que as ruas devem ser consideradas como o Palácio do Planalto, Palácio da Liberdade. É um direito do cidadão de bem, trabalhador, honesto, do idoso e da criança, andar em uma calçada desimpedida e não em uma calçada suja e fedida, onde muitas vezes essas pessoas ficam perturbando”, disse o governador.

“O estado tem recursos para tratá-las e elas ficam na rua porque querem. Estamos falando de uma minoria, em Belo Horizonte, por exemplo, uma cidade de quase 2 milhões de habitantes, ficar sofrendo por uma minoria de 5 ou 10 mil pessoas”, concluiu.

Ditadura e censura

“Eu sou um democrata. Quem me conhece, quem já trabalhou comigo na empresa, sabe que eu escuto, respeito a opinião alheia, e que eu não persigo ninguém. Eu posso até demitir quem é desonesto ou não tem um bom desempenho, isso sim. Agora ficar perseguindo porque tem opinião diferente não; eu respeito a opinião alheia”, disse. “No Brasil, o que estamos querendo é censurar opinião. Isso é totalmente inadequado”, concluiu.

Governo Lula

“Esse governo não é transparente, não é democrático, ele acoberta a corrupção, ele é gastador. Então, o que nós estamos fazendo é mostrar erros que ele (governo Lula) poderia estar corrigindo, mas parece que não tem vontade política de corrigir”, disse.

“Eu teria que pegar um microscópio para estar olhando (para encontrar pontos positivos no governo Lula), afirmou.

Excesso de viagens

“Quem fala isso (críticas às viagens) é porque não está bem informado. Eu sou o governador que mais está presente no interior do estado; já fui a mais de 400 cidades e continuo indo. Hoje nós estamos aqui, num sábado, em São Paulo (no lançamento da campanha); sábado é dia de descanso e eu estou trabalhando. Então quando alguém me vê fora de Minas, muitas vezes não percebe que estou é num feriado, num final de semana, é fora do expediente de trabalho. Minas continua recebendo toda a atenção como sempre recebeu”, explicou.