Críticas

"Não se deve arremessar as Forças Armadas ao varejo da política", diz Barroso

Ministro do STF rebateu discurso de Bolsonaro e lembrou que instrumentalização do Exército foi utilizada pela Venezuela

Por Da Redação
Publicado em 03 de maio de 2020 | 20:28
 
 
Barroso teme o futuro do combate à corrupção Foto: José Cruz/Agência Brasil

Em entrevista à Globo News na noite deste domingo (3), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso, comentou as declarações proferidas pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em manifestação na porta do Palácio do Planalto. 

Barroso lembrou que o uso das Forças Armadas para fins políticos foi utilizado por Hugo Chávez na Venezuela. No discurso, Bolsonaro disse que o governo tem o povo e as Forças Armadas a seu lado. 

"Não se deve arremessar as Forças Armadas no varejo da política. Isso foi o que aconteceu na Venezuela, com os resultados que nós verificamos", afirmou o ministro.

"A mim pessoalmente só me preocupou uma coisa: a invocação de que as Forças Armadas apoiavam o governo. E aí eu acho que esse é um fato que traz algum grau de preocupação, porque as Forças Armadas são instituições do Estado, subordinadas à Constituição, e portanto elas não estão dentro de governo e não estão vinculadas a governo algum", disse Barroso.

Barroso, que foi professor da Escola de Comando do Estado-Maior do Exército, lembrou do papel democrático das Forças Armadas desde a redemocratização do Brasil. 

"Eu, que faço parte de uma geração que se opôs ao regime militar, devo dizer que passei a admirar as Forças Armadas por esse compromisso com o Brasil e não com qualquer governo, e eu duvido que as Forças Armadas se prestem a esse papel de ingressar em um varejo politico, num debate politico ordinário", concluiu Barroso.