O ex-chefe de gabinete do prefeito Alexandre Kalil (PSD), Alberto Lage, apresentou à Controladoria-Geral do Município uma denúncia contra o secretário de Governo da Prefeitura de BH, Adalclever Lopes (MDB) (confira a íntegra da denúncia ao final da reportagem).
Segundo Lage, o secretário tentou pressionar um dono de uma agência de publicidade da capital, que é fornecedora da PBH, para contratar uma pesquisa eleitoral sobre intenções de voto para 2022.
Na denúncia, apresentada na noite de sexta-feira (1) ao controlador-geral Leonardo Ferraz, Alberto Lage afirma que Adalclever “buscava constranger fornecedores do município a financiar ações políticas de seu interesse”. O ex-chefe de gabinete de Kalil divulgou na denúncia um áudio que Adalclever mandou para ele.
No áudio, Adalclever diz: “Conversei com o prefeito, falou que era para conversarmos algumas coisas. Tem que falar com o Cacá o seguinte: se ele não fizer pesquisa de Minas tem outra agência que vai fazer para gente. Você vai ver como ele vai dar um jeito rapidinho. Falar: pode deixar, o prefeito já autorizou e se você não pode fazer tem outra gente que vai fazer para nós” (SIC).
Segundo Lage, a mensagem trata de uma tentativa do secretário de Governo de “constranger o fornecedor Carlos Eduardo Porto Moreno, conhecido como Cacá e proprietário da agência Perfil 252, a contratar e pagar pesquisa de intenção de votos em âmbito estadual”.
Lage afirmou que ainda quando estava na prefeitura de BH fez a denúncia para a secretaria da pasta de Assuntos Institucionais e Comunicação Social e obteve resposta de que a secretaria não estava de acordo com tal constrangimento de fornecedor. “Destaco também que não possuo elementos que me levem a crer que o fornecedor tenha aceitado tal constrangimento, conforme evidenciado pela animosidade do secretário contra o prestador de serviços”, diz o ex-chefe de gabinete.
Ouvido pela reportagem na manhã deste sábado (2), Lage confirmou o teor das denúncias apresentadas à Controladoria-Geral do Município.
Conselho de Ética
A prefeitura de Belo Horizonte informou, por meio de sua assessoria, que o caso já está sendo apurado e o conselho de ética foi convocado para discutir o caso na próxima terça-feira (5).
O secretário Adalclever Lopes informou que desconhece o teor da suposta declaração do Sr Alberto Lage. "Para que não cometa nenhuma injustiça,após tomar conhecimento formal de seu conteúdo,me manifestarei através das medidas cabíveis", disse, por meio de mensagem.
A agência de publicidade Perfil 252 t foi procurada, mas não retornou.
Caixa 2
Na sexta-feira (1), Alberto Lage já havia apresentado outra denúncia envolvendo Adalclever Lopes. A suspeita de Alberto Lage é de que Adalclever estaria usando a possibilidade de campanha de governador de Alexandre Kalil para arrecadar dinheiro.
"A suspeita que eu passei para o prefeito, que eu não acreditava que o prefeito podia estar nisso, era que o senhor Adalclever estava usando o dinheiro para si próprio ou para financiar uma campanha dele para deputado estadual. Essa foi a impressão que eu tive e transmiti ao prefeito", narrou Lage.
Íntegra da mensagem enviada por Alberto Lage à Controladoria Geral de Belo Horizonte
"Prezado Controlador-Geral Leonardo Ferraz,
Prezados membros do Conselho de Ética Pública da Alta Administração Municipal,
Submeto, para apreciação dos senhores, ato possivelmente ilícito cometido pelo secretário municipal de governo, senhor Adalclever Ribeiro Lopes.
O senhor secretário, autodeclarado coordenador de possível campanha do prefeito de Belo Horizonte ao cargo de Governador de Minas Gerais, passou a impressão de que buscava constranger fornecedores do município a financiar ações políticas de seu interesse, o que submeto à apreciação dos senhores.
Envio, anexo, mensagem de áudio do senhor Adalclever que cita tentativa de constranger o fornecedor Carlos Eduardo Porto Moreno, conhecido como Cacá e proprietário da agência Perfil 252, a contratar e pagar pesquisa de intenção de votos em âmbito estadual.
Ressalto que, ao saber da ação e ao suspeitar da possibilidade de ilicitude, comuniquei à secretaria da pasta de Assuntos Institucionais e Comunicação Social da tentativa e obtive a resposta que a secretaria não estava de acordo com tal constrangimento de fornecedor.
Destaco também que não possuo elementos que me levem a crer que o fornecedor tenha aceitado tal constrangimento, conforme evidenciado pela animosidade do secretário contra o prestador de serviços.
Submeto a informação à apreciação dos senhores por dever funcional.
Alberto Lage Paula Carvalho Rezende"