BRASÍLIA - Em recado ao presidente Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), o líder da oposição ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Senado, Rogerio Marinho (PL-RN), condicionou a anistia aos condenados e aos réus pela tentativa de golpe de Estado à inclusão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A declaração foi dada por Marinho nesta quinta-feira (4/9). 

O senador reiterou que a oposição defenderá a anistia “ampla e irrestrita”. “Não tenho dúvidas”, afirmou Marinho ao ser questionado se incluiria Bolsonaro. “(A ideia) É permitir que nós tenhamos eleições livres (em 2026), sem que haja o consentimento do ‘sistema’ para permitir que A ou B não seja candidato”, acrescentou.

O líder da oposição a Lula no Senado fez a cobrança dois dias após Alcolumbre afirmar que pautará no Senado um texto alternativo ao que é hoje discutido na Câmara dos Deputados. “Eu vou votar o texto alternativo. É isso que eu quero votar no Senado. Eu vou fazer esse texto e eu vou apresentar”, ressaltou o presidente ao jornal Folha de S.Paulo.

Ao ser contestado se o Senado poderia construir um texto que atendesse à oposição e ao Supremo Tribunal Federal (STF), Marinho rebateu. “Como você pode negociar se a denúncia feita pelo Ministério Público Federal (MPF) coloca o presidente (Bolsonaro) como autor de tudo? Não é quem disse que foi o responsável por isso ou aquilo (na trama)”, criticou.

O senador ainda ironizou Alcolumbre quando perguntado como seria a articulação da oposição no Senado. “Não tenho conversado com o senador Davi Alcolumbre. Parece que ele está preferindo conversar com ministro do STF”, disse Marinho. O presidente teria aval do STF para construir um texto que reduz as penas de quem foi condenado pelos ataques de 8 de janeiro de 2023.

Mais cedo, o líder do PL na Câmara dos Deputados, Sóstenes Cavalcante (RJ), já havia rejeitado a hipótese de um texto que deixasse Bolsonaro de fora dos anistiados. “Não dá para desassociar uma coisa da outra somente para suspender alguns crimes. Para nós, isso não atende a demanda”, apontou o deputado federal. 

A oposição a Lula voltou a trabalhar por anistia no Congresso Nacional após o início do julgamento de Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado na Primeira Turma do STF na última terça (2/9). A pauta havia sido deixada de lado depois de o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), tratar o combate à adultização de crianças e adolescentes como prioridade.

Cotado como candidato à presidência da República em 2026, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), se somou à articulação da oposição. Tarcísio passou a se envolver diretamente com a anistia após ser alvo de duras críticas do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), reveladas pelo indiciamento da Polícia Federal (PF) contra ele e o pai por constrangimento à Justiça depois das sanções dos Estados Unidos a ministros do STF.