Dois buracos na praça Sete, centro da capital, se transformaram na principal polêmica eleitoral da reta final da campanha de sucessão municipal. Na tarde de ontem, enquanto os dois principais adversários, Marcio Lacerda (PSB) e Patrus Ananias (PT), se preparavam para o debate da TV Globo, as coordenações de campanha reforçaram suas posições sobre as sondagens para a construção do metrô que estão acontecendo no local.
O coordenador executivo da campanha petista na capital e atual vice-prefeito, Roberto Carvalho (PT), esteve acompanhado do candidato a vice na chapa de Patrus, Aloísio Vasconcelos (PMDB), em visita a praça na tarde de ontem. Eles acusaram a Metrominas, empresa do Estado criada para administrar as obras do metrô, de uso eleitoreiro da máquina pública. Desde a semana passada, o Ministério Público apura denúncia de abuso de poder econômico da Metrominas. As faixas com informações sobre as obras estariam fora dos padrões e sem as informações exigidas. Além disso, o órgão investiga o fato de a obra ter começado no período eleitoral.
Já os deputados de legendas aliadas à campanha de Lacerda convocaram uma entrevista coletiva, também na tarde de ontem, para repudiar as ações do PT. Desde a última quarta-feira, um telão montado na praça sete exibe um vídeo com falas do candidato a vice na chapa de Lacerda, Délio Malheiros (PV), em que ele, quando ainda era pré-candidato a prefeito pelo seu partido, antecipou as perfurações, e classificou a sondagem como "farsa eleitoreira".
Os deputados estaduais Wander Borges (PSB), que está licenciado na Assembleia e é secretário de Estado de Regularização Fundiária, João Leite, presidente municipal do PSDB, Sargento Rodrigues, presidente municipal do PDT, e João Vítor Xavier (PEN) entregaram para a imprensa um carta em que se acusam o PT de "torcer contra o metrô de Belo Horizonte".
"O PT está torcendo contra Belo Horizonte e contra Minas Gerais. Para eles, quanto melhor, pior", disparou o deputado João Leite. Sargento Rodrigues, que chegou a cogitar candidatura própria à prefeitura, classificou a ação do PT de blefe. "Eu classifico a ida ao Ministério Público como um blefe. É mais uma tentativa de criar um fato político".
Aloísio Vasconcelos (PMDB), vice de Patrus, disse ter estranhado a intervenção. "Eu não acreditava, como engenheiro, na seriedade daquela obra, na seriedade daquele furo, que me cheirava uma jogada eleitoreira".