O motorista Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), afirmou nessa quarta-feira (26), em entrevista ao jornal “SBT Brasil”, que parte da movimentação atípica de R$ 1,2 milhão feita por ele vem da compra e venda de carros.

“Eu sou um cara de negócios, eu faço dinheiro. Compro, revendo, compro, revendo, compro carro, revendo carro, sempre fui assim, gosto muito de comprar carro de seguradora. Na minha época, lá atrás, comprava um carrinho, mandava arrumar, revendia, tenho uma segurança”, afirmou.

É a primeira vez que Queiroz fala publicamente sobre o caso das movimentações atípicas identificadas pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) desde que o caso veio à tona, em 6 de dezembro, na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).
Um relatório produzido pelo Coaf, em desdobramento da operação Lava Jato no Rio de Janeiro, indicou a movimentação financeira atípica de Queiroz quando trabalhou com o então deputado estadual Flávio Bolsonaro (PSL), filho do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL).

Na entrevista, Queiroz não quis detalhar a origem do dinheiro que movimentava. “Esse mérito eu queria explicar para o Ministério Público”, disse.

O ex-assessor, no entanto, faltou a depoimentos no Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) para explicar a movimentação atípica em sua conta.

A promotoria afirmou que a defesa de Queiroz disse que ele “precisou ser internado para realização de um procedimento invasivo com anestesia, o que será devidamente comprovado, posteriormente, por meio dos respectivos laudos médicos”. Ontem, na entrevista, ele afirmou que os exames apontaram para um tumor no intestino. Ele disse ainda que, provavelmente, terá que operar em breve.

Na entrevista, Fabrício Queiroz afirmou que “não é laranja” de Bolsonaro ou de seu filho e lamentou não mais poder conversar com os antigos amigos após o surgimento do episódio. Ele também rechaçou as acusações de que os depósitos feitos por outros funcionários dos gabinetes da família Bolsonaro poderiam ser destinados à devolução de parte do salário. “No nosso gabinete a palavra sempre foi: não se fala em dinheiro, não se dá dinheiro. Não sou laranja. Sou trabalhador”, disse ele.

Fabrício Queiroz deu a mesma explicação do presidente eleito para o repasse de R$ 24 mil para a conta da futura primeira-dama, Michelle Bolsonaro. Ele afirma que o valor é parte do pagamento de um empréstimo, e que foi feito em dez parcelas de R$ 4.000.
O ex-assessor justificou as ausências de sua filha Nathalia Melo de Queiroz, que era funcionária do gabinete, mas atuava como personal trainer no horário de expediente, dizendo que o espaço na Alerj era pequeno e que, por isso, ela trabalhava para Bolsonaro em seu próprio laptop, fora do gabinete. Ele, porém, afirmou que ela é quem vai explicar o caso detalhadamente ao Ministério Público Federal.