O presidente do PSDB em Minas Gerais, deputado federal Paulo Abi-Ackel, afirmou que a estratégia de marketing utilizada pelo ex-governador de São Paulo, João Doria, e a tentativa de o político paulista tentar que o partido punisse o deputado federal Aécio Neves foram os principais erros que levaram Doria a desistir da candidatura à Presidência da República.

A declaração de Abi-Ackel foi feita em entrevista ao programa "Alerta Super", da rádio Super 91,7 FM, nesta segunda (23). (Confira entrevista na íntegra ao fim deste texto)

O ex-governador paulista anunciou, nesta segunda (23), que o nome dele não era aceito pela cúpula do partido e, apesar de ter vencido as prévias, não vai disputar a eleição ao Palácio do Planalto. 

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Na avaliação de Abi-Ackel, a tentativa de fazer o PSDB punir Aécio Neves pelas denúncias feitas ao deputado mineiro sem ter havido decisão judicial pode ter contribuído para a ruptura da construção da candidatura de Doria à Presidência. 

"O maior erro de Doria foi sua estratégia de comunicação, imagem super exposta, e isso não deu certo. E talvez o segundo erro político do Doria foi que, após ter rompido com Geraldo Alckmin (ex-governador de SP), que foi o padrinho político dele, o Doria se colocou contra o ex-presidente nacional do PSDB, ex-governador de Minas, ex-senador Aécio Neves, querendo a expulsão deste do partido. Isso sem que houvesse nenhuma condenação judicial, não havia veredito da Justiça. E Doria já desencadeou uma tentativa de punição partidária extemporânea. Obviamente, no universo político, a rejeição cresceu. Mas isso também foi uma estratégia de marketing", afirmou.

Abi-Ackel disse ainda que alertou Doria sobre a posição de enfrentamento contra Aécio dentro do partido. "Eu avisei ao Doria que ele estava errando, que tinha que aguardar decisão judicial, e ele errou ao querer a expulsão antes de decisão da Justiça. Será que o Doria queria isso de coração ou era estratégia de marketing? Acredito que o mal assessoramento corroeu o prestígio político que ele poderia alcançar", acrescentou. 

O presidente do PSDB mineiro ressaltou afirmou que a estratégia de comunicação feita pela equipe de João Doria também causou a alta rejeição ao nome do ex-governador paulista. 

"Eu acho que ele (Doria) cometeu um erro de estratégia de marketing, resultado de um mal assessoramento. Uma super exposição, desnecessária, egocêntrica e que o levou a essa decisão (de desistência). Até porque o trabalho que ele fez em São Paulo, os resultados que alcançou, entregas à população, obras, muito investimento, deixou o Estado com dinheiro em caixa, isso não reflete essa alta rejeição que o nome dele teve. Talvez tenha faltado a ele uma melhor assessoria que trabalhasse melhor a imagem dele. O tipo de comunicação feita pode dar certo em São Paulo, mas o Brasil é diferente, com culturas diferentes. Esse foi o maior defeito dele. A alta rejeição que ele tem não condiz com o trabalho desenvolvido por ele", disse o político mineiro.

Desistência de Doria foi um gesto de grandeza 

Apesar de ter apontado os principais erros de Doria, Paulo Abi-Ackel declarou que a desistência do político paulista foi um gesto de grandeza. 

"Recebemos a decisão dele (Doria) como um gesto de grandeza, porque ao perceber que, mesmo tendo vencido as prévias, ele enfrentava dificuldades na militância, na cúpula do partido, nos candidatos a governadores. Ele entendeu que o partido tinha direito de escolher outro nome que fosse da conveniência para a legenda. Eu devo elogiar o gesto de Doria, que foi democrático. Ele sai engrandecido. Seria muito bom que ele se candidatasse ao Senador Federal", afirmou.

Agora, o PSDB vai discutir como ficará a posição do partido na eleição presidencial. 

"Nós temos alguns caminhos, a conversa com o MDB da Simone Tebet é uma conversa pra valer. De unir a terceira via. Vamos nos reunir amanhã (terça) para decidirmos os próximos passos. Já vínhamos conversando com a Simone sobre a falta de competitividade do Doria, e acredito que volta a ganhar força a união com o MDB e com a Simone", concluiu Abi-Ackel.

Confira entrevista na íntegra.