Após o ex-governador de São Paulo, João Doria, anunciar a desistência da candidatura à Presidência da República, tradicionais nomes do partido tucano em Minas Gerais repercutiram a decisão. O pré-candidato ao governo estadual Marcus Pestana disse que ficou “extremamente decepcionado com o recuo” do partido. No fim do ano passado, Doria venceu as prévias contra Eduardo Leite e Arthur Virgílio, com 53,99% dos votos. Porém, nas últimas semanas foi pressionado pela cúpula do PSDB a não concorrer no pleito deste ano.

Para Pestana, o embarque tucano na candidatura da senadora Simone Tebet (MDB), nome preferido da chamada terceira via, que além do PSDB reúne o próprio MDB e o Cidadania, será desastroso. “Só poucas pessoas em São Paulo sabem as verdadeiras razões que levaram a retirada da candidatura vitoriosa nas prévias. Eu, Eduardo Leite, Zé Aníbal, Marconi, Aécio, Pimenta da Veiga iríamos defender candidatura própria amanhã. Esse caminho vai levar o PSDB à morte”, disse.

Em entrevista ao Café com Política, da Rádio Super 91,7 FM, na última semana, o deputado federal Aécio Neves chegou a adiantar que a cúpula do partido conversaria com Doria para que retirasse a candidatura. Porém, Aécio disse que os próprios aliados deixaram de apoiar o tucano por conta dos impactos negativos que dos seus “altíssimos níveis de rejeição” traria para a campanha à reeleição do governador de São Paulo, Rodrigo Garcia. O ex-governador mineiro lembrou ainda que o partido priorizou o projeto regional paulista, em detrimento da candidatura nacional.

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‘Manterei a defesa da candidatura própria’

O pré-candidato ao governo de Minas disse ainda que vai atuar para que o partido tenha um nome próprio na corrida ao Palácio do Planalto. “Em nome da minha história de 34 anos de PSDB como seu fundador, em nome da ousadia da geração de 86/88 e da memória de Covas, Montoro e José Richa, manterei a defesa da candidatura própria amanhã na Executiva. O PSDB é um partido necessário ao futuro do país”, acrescentou.

Segundo Pestana, o próprio MDB ainda não garantiu que Tebet será declarada candidata nas convenções do partido, previstas para acontecer entre o fim de julho e agosto. “Essa estratégia da atual cúpula é liquidacionista e capitula à uma candidatura da valorosa senadora Simone Tebet que está longe de ter maioria no MDB. A geração fundadora de 86/88 saiu do MDB por conta da hegemonia conservadora”, declarou.

Por fim, o ex-deputado federal também criticou os rumores de uma fusão do MDB com o PSDB no próximo ano. “Não há sentido em um retorno a um MDB sem Ulysses e na proposta subjacente de uma futura fusão. O PSDB ou surgirá das cinzas com candidatura própria ou experimentará uma eleição terminal rumo ao suicídio político”.