A vereadora Iza Lourença (PSOL), ameaçada de “estupro corretivo” na quinta-feira (17), afirmou que sua filha de três anos também foi vítima em entrevista a O TEMPO NEWS na FM O TEMPO na noite desta segunda-feira (21). 

Ela diz que recebeu quatro ameaças em um dia, duas no e-mail institucional da Câmara Municipal e duas no e-mail pessoal. “Uma ameaça de estupro e assassinato contra uma criança”, completa. Ela disse que vai “até o fim” para chegar nos culpados. “Não podemos comportar isso”, acrescenta.

“Foi uma situação muito difícil, que jamais imaginei viver. Nunca consegui concretizar uma imagem de minha filha crescer aprendendo fazer política é viver no espólio, visto que está escoltada porque a mãe é vereadora”, lamenta.

Iza comenta que não houve uma situação específica que levou às ameaças, e que determinar algo pontual seria "leviano" de sua parte. Contudo, ela ressalta suas posições antirracistas e a favor da população LGBTQIAP+ como parte da razão para a violência sofrida. 

Questionada sobre a mentalidade dos agressores de que haverá impunidade, ela concorda, mas diz que agora há um “novo paradigma de governo” que está “empenhado em desfazer o ódio”. “Acreditamos que a investigação vai levar a prisão a quem fez as ameaças”, aponta.  

A parlamentar ressalta ainda o apoio de toda a Câmara, inclusive de colegas de oposição às suas posições políticas, e à presidência. Ela cita ainda que houve ameaças à Casa como um todo. "Temos vereadores que discordam de mim em todas as pautas, mas ninguém foi a favor da violência. É saudável para a democracia, o que não é saudável é que soframos ataques à democracia", pondera. 

Ameaças a parlamentares 

A deputada federal mineira Dandara Tonantzin (PT) entregou, nesta segunda-feira, em Belo Horizonte, uma denúncia de ameaça de morte, estupro coletivo e intimidação contra ela e outras quatro parlamentares – Duda Salabert (PDT), Iza Lourença (PSOL), Cida Falabella (PSOL) e Bella Gonçalves (PSOL) – ao ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino (PSB). 

As colegas do PSOL também estiveram no evento. Em nota, Dandara afirma que o chefe da pasta se comprometeu a acompanhar as investigações. “Intimidação contra branco é ameaça, contra preto é promessa. No Rio de Janeiro, Marcelo Freixo, por exemplo, recebeu centenas de ameaças ao longo dos anos, mas quem foi assassinada foi Marielle Franco. Qualquer intimidação contra nós, mulheres negras, não pode ser relativizada”, disse.   

“A autoria das mensagens é do Comando de Caça aos Comunistas de Minas Gerais (CCC-MG), em referência à uma organização paramilitar da década de 1960. Os textos também fazem exaltação ao Coronel Brilhante Ustra, condenado pela Justiça por torturar pessoas durante a ditadura cívico-militar brasileira”, acrescenta Danda.