Nota à imprensa

Suspeitos de injúria contra segurança pedem perdão: 'não somos racistas'

A advogada que os representa afirmou à reportagem que os dois se apresentarão à Polícia Civil ainda nesta manhã

Por Lara Alves
Publicado em 12 de novembro de 2019 | 11:15
 
 
Vídeo mostra torcedores discutindo com seguranças Lucas Von Dollinger / Twitter

Os torcedores do Galo suspeitos de cuspir no rosto do segurança Fábio Coutinho, 42, e agredi-lo com xingamentos racistas durante uma confusão após o clássico no Mineirão nesse domingo (10), se pronunciaram sobre o caso de injúria racial apenas nesta terça-feira (12). Optando por não se identificar, os dois homens prometeram apresentar à Polícia Civil uma carta com pedido de desculpas ao funcionário contratado pelo estádio e garantiram se colocar à disposição da Justiça para tentar esclarecer os fatos. No documento, os dois, que são irmãos, conforme confirmado pela defesa, garantem que não são racistas. 

Torcedor do Galo, segurança vítima de injúria racial relata cusparada

Aline Lopes Martins de Paula, advogada que representa os suspeitos no processo, apresentou através de um e-mail um "pedido de perdão dos torcedores", que estariam sendo ameaçados desde a circulação do vídeo onde aparecem cometendo injúria racial. À reportagem, a defensora apontou que ambos "estão prontos para prestar esclarecimentos e aguardam momento oportuno para pessoalmente se retratarem com Fabio Coutinho e com todas as pessoas que se sentiram ofendidas". 

Depoimento

O primeiro relato chegado à reportagem através da advogada é escrito pelo suspeito que aparece nas imagens gravadas agredindo o segurança com o xingamento "macaco". Nele, o homem explica que todos estavam exaltados com o bloqueio da saída de emergência e nega que tenha se referido ao funcionário do Mineirão como "macaco", mas sim o teria chamado de "palhaço". Ainda em certo ponto, declara com veemência: "não sou racista! Estava preocupado com as crianças que ali estavam". No ponto final do depoimento, externa seu "sincero pedido de perdão ao segurança" e aponta: "sou pai de família, tenho filhos que cuido com muito amor e ensino a respeitar e amar ao próximo". 

O segundo suspeito a se pronunciar em nota enviada pela advogada é aquele que aparece cuspindo em direção ao rosto de Fábio Coutinho e que, em certo instante do vídeo, diz: "olha sua cor". No documento, o homem pede perdão pelo "lamentável episódio de domingo motivado por extrema exaltação e euforia" e ainda estende as desculpas à "nação atleticana e a todos os amantes do futebol, a qualquer pessoa que tenha se sentido ofendida". Ele ainda classifica sua atitude como "ato falho e impensado" e conclui este trecho: "preciso externar meu arrependimento deixando claro que NÃO sou racista, espero este pedido alcance Fabio Coutinho (...). O que eu disse de forma infeliz não corresponde em nada ao que eu penso". 

Vídeo

A discussão entre seguranças e torcedores após o término da partida foi registrada pelo jornalista Lucas Von Dollinger e, após alguns segundos do início do vídeo, é possível acompanhar o começo das agressões dos dois irmãos contra Fabio Coutinho. 

A Polícia Civil já havia identificado os dois suspeitos nessa segunda-feira (11), e ambos já haviam sido qualificados para responder pelo crime de injúria racial – como pena estão previstos entre um e três anos de prisão, além de pagamento de multa. O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) também se envolveu no caso e comentou à reportagem, também nessa segunda, que acionaria a Promotoria de Direitos Humanos para denunciar os responsáveis pelo crime contra o funcionário contratado pelo estádio para atuar no clássico.