Vôlei

Choro de Herbots ilustra fragilidade de regulamento internacional; entenda

Estrela da seleção da Bélgica apareceu aos prantos após derrota na final da Challenger Cup e não-classificação para a VNL 2023

Por Débora Elisa
Publicado em 01 de agosto de 2022 | 18:30
 
 
Herbots chora após Bélgica não conseguir classificar para a VNL 2023 Reprodução/VolleyballWorld

A maior estrela do voleibol da Bélgica protagonizou uma das imagens mais marcantes do final de semana, na decisão da Challenger Cup, no último domingo (31). Aos prantos, Britt Herbots, de somente 22 anos, extravasou após a derrota para a Croácia, dona da casa, por não ter conseguido conquistar a vaga na próxima edição da Liga das Nações (VNL).

O choro da ponteira mostra mais que a tristeza por uma derrota; ilustra a fragilidade do regulamento de uma das competições mais importantes no calendário do vôlei.

Com 16 seleções em cada naipe, a VNL foi criada em 2018 com a promessa de revolucionar o esporte, segundo a própria Federação Internacional (FIBV). Dessas 16, porém, 11 entraram na edição 2022 sabendo que terão lugar garantido na próxima edição, independente do resultado. Essas são as chamadas 'seleções nucleares' pela FIVB.

Somente as quatro desafiantes, termo utilizado pela própria organização, são passíveis de rebaixamento. Na edição mais recente da VNL, a discrepância ficou evidente. A Bélgica ficou de fora da elite do vôlei mesmo sem fazer a pior campanha.

Foram quatro vitórias em doze jogos, com oito pontos somados, em um estilo de jogo concentrado na jovem ponteira Herbots, que terminou o torneio como a maior pontuadora (306) mesmo fora de toda a fase final. As quatro vitórias, inclusive, empatam com outras cinco seleções: Alemanha, Holanda, Canadá, Polônia e Bulgária. A fraca campanha da Bélgica na Liga das Nações não é culpa de ninguém a não ser da Bélgica, porém, a seleção europeia não foi responsável pela pior marca.

A Coreia do Sul, lanterna, não venceu nenhuma partida e sequer pontuou. Foi um aproveitamento de sets de 0,083%. Por ser uma das seleções nucleares, a Coreia segue garantida na VNL 2023, deixando a Bélgica para brigar, na Challenger Cup, por seu retorno. A vitória, porém, não veio.

Novamente dependendo da boa atuação da ponteira, as belgas disputaram a final contra a Croácia, mas foram superadas por 3 sets a 1. Imagens do fim da partida correram rapidamente nas redes sociais, mostrando Herbots visivelmente emocionada após a derrota. Veja: 

Britt Herbots você é gigante 🖤💛❤️ pic.twitter.com/AZlbIlzfm0

— R&V(olleyball) (@civilwards) July 31, 2022

Ao fim da VNL, Herbots já havia utilizado suas redes sociais para criticar a regra e desabafar sobre o rebaixamento.

"Não ser o último time da VNL e ainda ter que lutar para ganhar nossa vaga me deixa tão bravo.. É tão injusto! Porque mostramos ao mundo que merecemos estar aqui e 'ser parte do jogo'. Agora é hora de descansar, descansar e refletir", escreveu a craque.

Classificação para a fase final também foi alvo de críticas

Para além do rebaixamento e promoção das seleções, o regulamento para o chaveamento da fase final da VNL também foi alvo de críticas. Conforme as regras do torneio, a seleção que sediou a fase final - Turquia no feminino e Itália no masculino - tinha vaga garantida no mata-mata.

Caso o país-sede ficasse entre os oito colocados, seria automaticamente classificada em primeiro lugar, favorecendo um chaveamento com a equipe de pior campanha. Se ficasse de fora das oito, entraria como a oitava colocada, eliminando da competição um time que conseguiu, em quadra, a classificação.

No masculino, a Itália se classificou em primeiro, não alterando o chaveamento, porém, a Turquia, que passou em sétimo, enfrentou nas quartas a Tailândia, que classificou em oitavo. As decisões da FIVB geraram inúmeras críticas de torcedores, que apontaram que as regras afetam, diretamente, a qualidade do torneio. A Liga das Nações é um torneio relativamente novo - existe há quatro edições -, então, resta saber se terão pontos de ajustes para o próximo ano.