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Sada Cruzeiro pega um Ribeirão de 'peito aberto' no Riacho

Equipe do interior paulista ainda se acostuma com presença na elite após passar pela terceira e segunda divisão do vôlei nacional

Por Daniel Ottoni
Publicado em 03 de novembro de 2018 | 08:00
 
 
Pacheco foi um dos responsáveis por levar o Ribeirão da terceira para a primeira divisão Rafael Gonçalves - FollowX Comunicação

Foi diante de um estreante na Superliga masculina que o Sada Cruzeiro conseguiu retomar um caminho que começava a se mostrar preocupante na atual temporada. Na última sexta-feira, a equipe do técnico Marcelo Mendez respirou aliviada após vencer o Vôlei UM Itapetiniga-SP no seu segundo jogo dentro da maior competição do país.

Neste sábado, chega a hora de encarar um outro novato, tentando aproveitar o peso da camisa, a tradição e a presença da torcida para manter o rumo das vitórias. Às 19h, em partida sem transmissão, a bola vai subir no ginásio do Riacho, em Contagem, diante do São Francisco Saúde-Ribeirão Preto-SP.

Será a chance de manter o caminho da vitória reencontrado na rodada anterior. "Contra estes times mais novos, temos que fazer o possível e o impossível para ganhar. Só conseguiremos isso jogando bem. Temos que tentar jogar no alto nível pelo maior tempo possível. Parece fácil quando se fala, mas é uma dura missão. Precisamos ir encontrando, cada vez mais, a dinâmica do grupo e entender melhor os jogadores para alcançar os resultados positivos", comenta o técnico Marcelo Mendez. 

Adversário ganhou espaço meteórico no cenário nacional

Para o Ribeirão, o sabor de estar na elite é especial, tendo pela frente adversários do mais alto calibre. Depois de estrear com derrota em cinco sets contra o Sesi-SP, atual vice-campeão, chega a vez de encarar o defensor do título, com uma realidade bem diferente sendo apresentada. Para chegar ao torneio mais importante do país, o time do interior paulista começou sua trajetória disputando a terceira divisão e ganhando espaço a cada oportunidade aproveitada. 

"Na Superliga B, foram apenas sete jogos na fase de classificação, na Superliga C desconhecíamos os times e jogadores. Precisamos aprender com essa realidade diferente e difícil, mas sabendo que a responsabilidade era grande. Aprendi demais neste período, a estrutura é distinta da que eu estava acostumado", comenta o técnico Marcos Pacheco, que já venceu a Superliga com a Cimed, além de ter treinado outros times de ponta como Vôlei Renata e Sesi-SP.

O treinador tem, agora, no currículo, conquistas nas três principais divisões do vôlei brasileiro, algo que nem todos os profissionais possuem. Somente na elite, Pacheco tem sete taças, três como treinador e quatro como assistente, além de 12 finais. 

Não só pelo currículo, mas a atitude de Pacheco fez o companheiro Marcelo Mendez admirar ainda mais sua presença no cenário nacional. "Ele é um grande treinador, um dos melhores do país. Encarou este novo objetivo, passou por todos os passos. Desejo a ele o melhor, se acostumou a conseguir bons resultados, seus times costumam jogar muito bem. Ribeirão, certamente, vai dar trabalho pra muita gente", afirma Mendez. 

Marcos Pacheco reconhece os dias de luta que seguem até hoje, tendo desafios ainda maiores na elite do vôlei brasileiro. "Agora estamos jogando contra atletas vice-campeões do mundo e enfrentando grandes equipes. É uma outra intensidade e acho interessante ter um time do tamanho do Sada Cruzeiro como adversário. Será um desafio imenso e vamos em busca de um jogo agressivo. Na teoria, teríamos pouca chances. Na prática, podemos incomodar se fizemos uma partida equilibrada. Quem sabe não buscamos um, dois ou três pontos? Trabalhamos pra isso, a vontade é essa e vamos em busca de fazer um ótimo jogo", analisa. 

Tempo bom

O atual projeto faz o treinador se lembrar de um dos projetos mais vitoriosos da sua carreira, quando levou a Cimed a três títulos da Superliga. "Não tínhamos nada e fomos construindo ano a ano, mês a mês. É recompensador e satisfatório quando isso acontece, saindo do nada e chegando ao topo. Dentro da realidade de Ribeirão, espero que o time possa concorrer diretamente com as grandes potências do vôlei nacional", projeta. 

Convite e desafio

Após não renovar com o Sesi-SP, Marcos Pacheco imaginava trabalhar fora do país, aprender uma nova língua e outra cultura. Foi quando participou de um curso em Córdoba, na Argentina, que o convite de Lipe, ex-ponta da seleção, veio. "Por lá, estava acontecendo uma etapa da Liga Mundial. Fiquei hospedado no mesmo hotel da seleção brasileira e o Lipe veio falar comigo. Disse que Ribeirão não tinha plano B. Imaginei que seria legal dar uma oxigenada em um projeto diferente, não aventureiro, mas consistente, com chance de alcançar um objetivo a longo prazo e chegar até a Superliga A. Neste período, evoluímos e temos a pretensão de ser um time ainda mais forte", revela.