Sem turismo de negócios nem de lazer, o ramo hoteleiro tem trabalhado com taxas de ocupação abaixo dos 10%. Mas na região Centro-Sul de Belo Horizonte, um hotel achou um jeito de manter pelo menos um terço dos quartos ocupados. O Vivenzo, localizado na Savassi, criou um protocolo de atendimento que reduz praticamente a zero o contato físico do hóspede com outras pessoas.  “Dos 240 quartos, 33% estão ocupados. Sem essa adaptação que transformou o hotel em um produto para ser consumidor durante a pandemia, seria impossível enfrentar a crise”, destaca o CEO do Vivenzo, Frederico Amaral. 

O executivo explica que todos os processos foram redesenhados para garantir a segurança do hóspede. “Quando a pessoa chega, apenas faz a validação do check-in por meio de um toten, onde nem precisa apertar botão, pois é atendido por um recepcionista como se fosse uma videoconferência”, afirma. 

A higienização, que já contava com um sistema diferenciado, ficou ainda mais rigorosa. A equipe é dividida em três frentes: uma que faz a limpeza pesada, outra que entra para fazer a montagem do quarto, e outra que faz a arrumação mediante agendamento do hóspede, que marca o horário melhor. “Com a pandemia, cada vez que alguém faz check-out, a equipe espera 72 horas para fazer a higienização em um modelo hospitalar. Eles, inclusive, entram todos paramentados para fazer a limpeza. As arrumações diárias foram canceladas para que ninguém entre no quarto, mas fornecemos o que o hóspede precisar, é só pedir pelo telefone”, explica Amaral.

Todos os cuidados foram determinantes quando Danielle Miranda, 45, escolheu o hotel. Ela é fisioterapeuta respiratório, mora em São Paulo, mas vem com frequência a Belo Horizonte, para trabalhar em um hospital. “Eu tenho muitos parentes na cidade, mas, nesse momento, não é hora de ficarmos hospedados na casa de ninguém. Principalmente porque eu tenho contato direto com pacientes suspeitos de coronavírus”, justifica. 

No hotel, Danielle se sente segura. “Eu não vejo praticamente ninguém. Quando entro no elevador, tem álcool gel para higienizar. Se preciso de algo, peço pelo telefone e eles deixam na porta”, conta. 

O Vivenzo isolou todas as áreas comuns como academia, restaurantes e banheiros sociais. O hotel também está preparado para hospedar quem precise fazer isolamento. Nesse caso, apenas uma pessoa fica hospedada por andar. 

Mesmo quem está trabalhando, não tem contato externo. Eles estão confinados no hotel. Segundo Amaral, a adaptação tem salvado o negócio e, até agora, ninguém foi demitido. “Com essa ocupação, geramos renda para movimentar o fluxo do caixa e conseguimos manter os empregos enquanto atravessamos essa tormenta que, como todas, uma hora vai passar”, ressalta o executivo. 

Outro hotel da Savassi que buscou alternativas foi o My Place. “Uma alternativa que buscamos para aumentar o número de hóspedes foi parcerias com empresas diversas, buscando mensalistas, e não apenas hospedagens por curtos períodos. Várias companhias e indústrias continuam suas atividades e alguns dos seus funcionários, que são de outras cidades, estão hospedados no My Place Savassi”, explica o diretor do hotel, Christiano Chaves do Carmo.  Além do planejamento financeiro, novos processos de higienização foram fundamentais para atrair hóspedes.