Especial Cozinha Mineira (III)

Turismo de experiência: café, queijo, cerveja e cachaça rendem boas vivências

Os quatro produtos mais típicos de Minas já viraram rotas turísticas nos quatro cantos do Estado

Por Paulo Campos
Publicado em 07 de dezembro de 2021 | 09:03
 
 
Rota do Queijo Terroir no Campos das Vertentes leva às fazendas que produzem o queijo de minas artesanal Uai Trip/Divulgação

Boa parte do sucesso da cozinha mineira está nos ingredientes encontrados em várias regiões do Estado: ora-pro-nóbis de Sabará, cafezinho cultivado no Sul de Minas, doces de Araxá, cachaça dos alambiques do Norte de Minas e queijos artesanais de Alagoa, só para citar alguns. Sabores e aromas têm gerado experiências das mais diversas, que se têm multiplicado em rotas etílico-gastronômicas. Muitas delas, por sinal, viraram produto na prateleiras de agências de receptivo.

É o caso da Planeta Minas, que comercializa três incursões pela culinária mineira. A mais interessante delas, o Circuito Doces da Lapinha, mapeado no Google Maps, resgata a tradição de doces e quitandas na região de Lagoa Santa, que envolve transmissão de saberes, da receita passada de mãe para filha, e memória afetiva. “Cada uma tem uma história para contar. É possível conhecer o processo artesanal e até fazer doce”, conta Paula Cristina Moisés.

Também pode-se experimentar queijo canastra, cachaça Salinas, doces de frutas cristalizadas de Carmo do Rio Claro e goabada cascão de Ponte Nova, os cafés do Sul de Minas e o azeites da serra da Mantiqueira. O tour guiado Circuito Gastronômico Mercado Central, que reúne grupo de até 16 pessoas, finaliza na loja Roça Capital para uma degustação.

No Circuitos Primórdios da Cozinha Mineira, agência abraça um projeto da pesquisadora em gastronomia do Senac, Vani Maria Fonseca Pedrosa, e envereda pelo empreendedorismo, visitando as tecelâs de Brumal, em Santa Bárbara, visitando a horta e o complexo do Caraça e, dependendo da época do ano, degustando o vinho de Jabuticaba em Catas Altas.

Bebidas

Também há uma “Bélgica” escondida entre as montanhas de Minas. O Estado, que só perde para Santa Catarina no quesito cervejas artesanais, tem roteiros sob medida para o visitante. Cerveja, cachaça, café, azeite, queijo e mel, por sinal, estão entre os cerca de 80 roteiros exclusivos oferecidos pela agência Araucária Ecoturismo, que utiliza a estratégia de entrelaçar produtos para “prender” o turista.

“Um produto puxa o produto”, afirma Walter Dutra Marques, proprietário da agência, que oferece em um mesmo passeio banho de cachoeira, visita a fazenda, tour de cerveja ou queijo. Entre os roteiros mais procurados estão a Rota Gourmet Alagoa, para conhecer a produção e degustar o famoso queijo tipo parmesão, e do Malte, uma visita ao processo de produção de quatro microcervejarias (Mantbier, Capinzal, Lactarina e Empório Alferes), finalizando com degustação.

Matula

Com o objetivo de aguçar os sentidos, Cida Magalhães, da agência HT Happy Travel, fez parceria com a mixóloga – especialista em misturar sabores – Marcela Azevedo e criou a instigante oficina “Os Cinco Sentidos da Cachaça”, que explana sobre a história da bebida, a variedade de madeiras e as nuances de sabor, acompanhada de harmonização com frutas, vegetais e charcutaria.

Matula era, no passado, o lanche, a comida que se carregava em sacos durante os ongos períodos de viagens. Hoje, dá nome a um projeto da agência Flanar Turismo que contempla 14 municípios do Alto Paranaíba e Triângulo Mineiro. Matula Mineira - Comidas de Viagens e Outras Memórias são roteiros que evidenciam a singularidade desses municípios para promover produtores e produtos locais.

"Trabalhos a produção associada ao turismo, com foco na gastronomia, nos ofícios e nas práticas artesanais mineiras que caíram no desuso, deixaram de existir ou se perderam ao longo da história", afirma Viviane de Souza Lemes, da Flanar. Nas experiências, o visitante aprende a fazer queijo e farinha, conhece os doces de Araxá, as cachaças premiadas e a charcutaria da região.

No roteiro, visita-se o povoado de Desemboque, onde se estabeleceu, em 1746, o primeiro núcleo de povoamento da região, vivencia-se a produção de café do Cerrado, conhece-se microcervejarias no distrito de Amanhece e a produção de tecelãs e a produção de queijo artesanal em Uberlândia. O tour termina em um museu rural na Fazenda Aras Barreiro  no Yquara Termas Hotel. Todas essas atrações, salienta Viviane, estã a menos de 100 km uma da outra.

Queijo terroir

Há cinco anos Dalton Cipriani, proprietário da agência Uai Trip, explora, em parceria com a Emater, as potencialidades da Rota do Queijo Terroir Vertentes, criada em 2018 e que integra municípios da Trilha dos Inconfidentes. “O trabalho conjunto é para os produtores locais poderem receber os turistas, potencializarem suas vendas e expandirem mercado”, explica.

Na rota, o turista pode vivenciar a rotina dos agricultores que fabricam a iguaria, tendo contato com tradições e técnicas utilizadas e, o melhor, degustando exemplares do queijo minas artesanal, Selo Arte. No Campo das Vertentes, há, pelo menos cinco fábricas artesanais nos municípios de Carrancas, Coronel Xavier Chaves, São João del-Rei e Tiradentes.

O tour dura o dia inteiro, das 9h às 17h, e visita quatro produtores de queijos. A parada para o almoço é em restaurante que, preferencialmente, utilize o queijo como ingrediente em seus pratos. Além do queijo, a agência oferece a oportunidade de conhecer um engenho histórico de café em Coronel Xavier Chaves e ter aula com um barista. “No turismo de experiência, a pessoa não quer só uma visita guiada, mas ser protagonista do passeio”.

Serviço:

Circuito Primórdios da Cozinha Mineira – Serra do Caraça/Circuito Gastronômico Mercado Central/Doces da Lapinha: Acesse aqui.

Rota do Queijo Terroir Vertentes: Acesse aqui.

Rota do Malte: Acesse aqui.

Rota da Cachaça/Oficina Cinco Sentidos: Acesse aqui.

Matula Mineira: Acesse aqui.

 

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