Courtney Tamagny, de 20 anos, moveu processo judicial contra o pai Scott Tamagny, atual chefe de polícia de Leonia, e contra Kevin Slevin, vizinho da família, por supostos abusos sexuais ocorridos entre 2009 e 2020. A ação foi protocolada na quinta-feira (10) no Condado de Bergen, Nova Jersey. A denunciante alega que as agressões faziam parte de atividades "ritualísticas" envolvendo outros moradores da região.
O caso ganhou visibilidade após Courtney fazer denuncias em podcasts e redes sociais, além de iniciar uma petição online solicitando o afastamento do pai do cargo policial. Conforme reportado pelo New York Post, segundo os documentos judiciais, os abusos teriam começado quando ela tinha aproximadamente 4 anos e continuado até seus 15 anos.
Jeanne Tamagny, mãe de Courtney e coautora do processo, está em procedimento de divórcio do marido. A jovem afirma que as agressões ocorriam quando a mãe estava ausente ou dormindo com protetores auriculares em outro cômodo da casa.
De acordo com o processo, "[Courtney foi levada] para a floresta no Condado de Rockland, Nova York, e lá estavam o que pareciam ser outros homens de meia-idade presentes com máscaras no rosto". O documento acrescenta que "Ela se lembra de haver fogo e animais sendo queimados, e eles cantavam como se fossem um ritual." Os registros judiciais também indicam que "Ela foi abusada sexualmente naquela floresta pelo réu Slevin, pelo pai do réu e por alguns dos outros homens presentes".
Em participação no podcast "We're All Insane" em abril, Courtney forneceu detalhes adicionais sobre suas alegações, mencionando que gerações da "linhagem" de seu pai estariam envolvidas em um culto satânico junto com vizinhos da localidade no norte de Jersey. Ela descreveu supostos "túneis" utilizados para atividades secretas, que incluiriam "tirar sangue de crianças", "círculos de tambores" e "queimaduras".
"Queimaduras de animais, peles de animais, humanos também", declarou no programa. A jovem também relatou ameaças utilizadas para silenciar as vítimas: "O que mais nos assustou foi: 'OK, estamos fazendo isso com essas pessoas que traficamos, por que não faríamos isso com você? Porque acabamos de fazer isso com essa menina ou esse menino'".
Courtney descreveu atividades que o grupo chamava de "jogos" com as crianças. "Nós íamos para a floresta e brincávamos de 'jogos' que não eram jogos", afirmou ela, referindo-se a uma atividade denominada "Caçadores e Coletores", onde crianças eram soltas na floresta para se esconderem enquanto eram perseguidas.
"Eles fizeram como se fosse um jogo e você pudesse vencer", disse Courtney. "Você não ia vencer, você sempre seria atingido, eles só queriam que você parecesse apavorado e corresse."
O terapeuta que atendia Courtney reportou o caso às autoridades em 2022, conforme indicam os documentos judiciais. Além de seu pai e Slevin, a jovem incluiu como réus o Gabinete do Promotor Público do Condado de Bergen, o Estado de Nova Jersey e diversos serviços estaduais de proteção à criança.
Scott Tamagny e Kevin Slevin negam as acusações. "É tudo inventado", declarou Kevin Corriston, advogado de Slevin. "Toda essa denúncia foi investigada anteriormente por todos, desde a Segurança Interna, passando pelo Gabinete do Procurador-Geral de Nova Jersey, até o Gabinete do Promotor Público do Condado de Bergen, e eles não encontraram nenhuma base para essas alegações absurdas."
Corriston acrescentou: "Não tendo obtido nenhuma satisfação da polícia, ela decidiu processar todas as pessoas envolvidas na investigação". O advogado questiona a credibilidade das acusações: "Essas alegações são, à primeira vista, inacreditáveis. Não há a mínima possibilidade de haver algum tipo de culto secreto satânico de pedofilia operando em Riverdale, Nova Jersey. Isso é uma fantasia inventada pela mente dela".
Em resposta às acusações, Slevin apresentou uma reconvenção por difamação. Ele alega que as declarações de Courtney o deixaram "exposto ao ridículo público e desacreditado", causando-lhe "extremo constrangimento, humilhação e grave sofrimento mental". O advogado do chefe Tamagny também classificou as alegações como "completamente falsas e difamatórias".
O processo judicial segue em andamento no sistema judiciário de Nova Jersey.