Enquanto as negociações indiretas entre Israel e o Hamas chegam a uma semana sem um acordo de trégua, pelo menos 43 palestinos morreram neste domingo (13 de julho) na Faixa de Gaza em novos ataques israelenses, informou a Defesa Civil do enclave costeiro. Os dois lados do conflito se acusam mutuamente de obstruir as negociações iniciadas em 6 de julho, em Doha, mediadas por Catar, Egito e Estados Unidos. O objetivo é chegar a uma trégua que ponha fim a mais de 21 meses de conflito e destruição.
Sete agências da Organização das Nações Unidas (ONU) alertaram no sábado (12 de julho) que a falta de combustível em Gaza atingiu um "nível crítico", o que constitui um "novo fardo insuportável" para "um povo à beira da fome". "Só 150 mil litros de combustível puderam entrar nos últimos dias, o que cobre menos de um dia de necessidades", declarou neste domingo (13 de julho) à AFP o chefe da rede de ONGs palestinas em Gaza, Amjad Shawa. Segundo ele, seriam necessários "275 mil litros por dia para atender às necessidades essenciais".
No terreno, a Defesa Civil relatou mais 43 mortos em uma série de ataques israelenses em diferentes partes da Faixa de Gaza. O porta-voz do corpo de resgate, Mahmoud Basal, afirmou que 11 pessoas, incluindo mulheres e crianças, morreram em ataques a um mercado na Cidade de Gaza (norte), enquanto um bombardeio no campo de deslocados de Al Mawasi, no sul, deixou três mortos.
Outro ataque israelense, desta vez envolvendo um drone, teria atingido um ponto de distribuição de água potável em uma área para deslocados perto do campo de refugiados de Nuseirat, matando 20 pessoas, incluindo dez crianças. "Fomos acordados pelo estrondo de duas grandes explosões. Vimos nosso vizinho, Abu Yihad al-Arbid, e seus filhos sob os escombros de sua casa bombardeada", disse Khaled Rayan, morador de Nuseirat, à AFP.
"Quebrar o bloqueio"
Familiares das vítimas lamentaram suas mortes no hospital Al-Aqsa, em Deir al-Balah (centro), ao lado de corpos envoltos em lonas plásticas, segundo imagens da AFP. A mesma cena pôde ser vista no hospital Al-Awda, em Nuseirat, onde corpos estavam no chão, alguns cobertos de sangue.
Contatado pela AFP, o Exército israelense afirmou estar investigando as informações. No entanto, disse em um comunicado que, nas últimas 24 horas, sua força aérea "atacou mais de 150 alvos terroristas em Gaza, incluindo terroristas, estruturas com armadilhas explosivas, depósitos de armas e bases de mísseis".
A situação humanitária é catastrófica e a grande maioria da população do enclave, que tem mais de dois milhões de habitantes, foi forçada a se mudar mais de uma vez. Nesse contexto, um novo navio de ajuda humanitária partiu da Sicília para Gaza neste domingo (13 de julho), com ativistas pró-palestinos a bordo, em busca de "quebrar o bloqueio israelense".
Negociações difíceis
No sábado (12 de julho), uma fonte palestina próxima às negociações indicou que o Hamas rejeita "completamente" o plano israelense que, segundo ele, prevê a "manutenção de suas forças em mais de 40% da Faixa de Gaza". As negociações em Doha enfrentam "obstáculos e dificuldades", disse a fonte à AFP, enfatizando a "insistência de Israel" nesse plano.
Ainda segundo a fonte, o objetivo de Israel é "aglomerar centenas de milhares de deslocados" no sul da Faixa de Gaza, "em preparação para um deslocamento forçado da população para o Egito ou outros países".
Ajuda humanitária
Uma segunda fonte palestina falou em "avanços" em relação à entrada de ajuda humanitária em Gaza e à troca de reféns por prisioneiros palestinos em Israel. "Israel demonstrou sua disposição de ser flexível nas negociações", disse a autoridade israelense no sábado (12 de julho).
Nos últimos dias, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, reafirmou que, com esta guerra, seu país busca libertar os reféns mantidos em Gaza, destruir as capacidades militares e governamentais do Hamas e expulsar o movimento islamista palestino do território.