A família de Nash Keen, um bebê nascido com apenas 21 semanas de gestação, comemorou um marco muito importante na vida da criança. O menino, que chegou ao mundo 133 dias antes do previsto, em 5 de julho de 2024, completou seu primeiro ano de vida no início do mês.

A chegada de Nash, que veio ao mundo pesando apenas 285 gramas e medindo 24 centímetros, aconteceu tão cedo que ele foi reconhecido pelo Guinness World Records como o bebê mais prematuro do mundo a sobreviver. Antes dele, a criança mais prematura havia sido Curis Zy-Keith Means, nascido em julho de 2020 com 21 semanas e 1 dia, ou 132 dias antes do previsto, no Hospital da Universidade do Alabama.

A prematuridade de Nash ocorreu devido a complicações na gravidez de sua mãe, Mollie Keen, que sofre de insuficiência istmocervical, condição em que o colo do útero dilata precocemente, geralmente no segundo trimestre. Ela também tem síndrome do ovário policístico, distúrbio hormonal que pode causar problemas de fertilidade.

Ela conta que essas questões lhe causavam apreensão. "Quando fomos ao consultório do nosso médico local para o exame de 20 semanas de Nash, eu tinha algumas preocupações sobre como estava me sentindo, então pedi que me examinassem mais de perto - o que normalmente não fazem nessa consulta - e descobriram que eu já estava com 2 centímetros de dilatação", relatou Mollie à Fox News.

A descoberta foi particularmente difícil para Mollie e seu marido Randall Keen, que seis meses antes haviam perdido uma filha, McKinley, com apenas 18 semanas de gestação. "Ficamos arrasados", contou Mollie ao mesmo veículo. "Achamos que estávamos passando pela mesma coisa - achamos que íamos perder este bebê”. 

Mas ao contrário dos temores dos pais, as coisas foram diferentes com Nash. A equipe médica do Hospital Infantil Stead Family da Universidade de Iowa, nos Estados Unidos, conseguiu atrasar o parto até que ele completasse exatamente 21 semanas e 10 horas. 

Mas, mesmo com o atraso, a equipe médica não deixou de informar aos pais de Nash que suas chances de sobrevivência eram baixas. “Queremos o melhor para os pacientes, então realmente tentamos transmitir que não sabemos quais serão os resultados para esses nascimentos extremamente prematuros", afirmou Malinda Schaefer, obstetra de alto risco responsável pelo parto. "É importante que os pais entendam que a maioria das taxas de sobrevivência são baixas e, se os bebês sobreviverem, eles têm um risco muito alto de complicações a longo prazo, mesmo com 22 semanas”, explicou a médica à Fox. 

"Às vezes, bebês nascidos com 21 semanas são pequenos demais até mesmo para nossos menores tubos de respiração e linhas intravenosas. Nossa equipe da UTIN (Unidade de Terapia Intensiva Neonatal) avaliou Nash, e eu consegui colocar um tubo de respiração. Assim que colocamos o tubo de respiração, sua frequência cardíaca estabilizou e seus níveis de oxigênio estavam bons”, lembrou a neonatologista Amy Stanford, que tratou o bebê. 

"Nunca queremos que os pais percam a esperança, mas muitos deles estão em uma situação irreal, então temos que ser muito honestos com eles. Eu teria dito aos pais dele: 'A chance é zero, mas espero estar errado, e faremos tudo o que pudermos para ajudá-lo”, comentou Patrick McNamara, diretor da divisão de neonatologia do hospital. 

O pai de Nash, Randall Keen, elogiou o trabalho dos profissionais de saúde. "Eles estavam no controle de tudo a cada passo do caminho. Eles realmente deram a ele uma chance de lutar. Eles foram realmente honestos conosco durante toda a jornada sobre quais eram suas chances. Eles garantiram que estávamos bem informados e nos mantiveram envolvidos em todas as tomadas de decisão”. 

Após o nascimento, o bebê precisou ficar internado. E, durante esse período, ele passou por um monitoramento constante de sua função cardíaca e saúde cerebral. Nash também foi submetido a uma cirurgia para tratar um intestino perfurado, condição que apresenta taxa de mortalidade de até 40% - e mais uma vez ele sobreviveu.

Em janeiro deste ano, após 198 dias de internação, Nash recebeu alta do hospital. Atualmente, ele continua sendo monitorado para questões de saúde, incluindo um pequeno problema cardíaco. Agora, ele está sendo gradualmente desmamado do oxigênio, ainda utiliza sonda de alimentação e aparelhos auditivos. Apesar de apresentar alguns atrasos no desenvolvimento, ele está ficando mais forte e mais interativo com a ajuda de sessões contínuas de terapia.

"Quero que ele cresça e seja saudável, feliz e confiante em quem ele é. Quero que ele veja sua história como uma fonte de força”, disse a mãe do bebê.