O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, convocou seu gabinete de segurança nesta terça-feira (5/8) para preparar uma nova fase na guerra na Faixa de Gaza, onde voltou a autorizar parcialmente o comércio do setor privado.

A reunião do gabinete, anunciada pela imprensa, mas que não teve a organização confirmada oficialmente até o momento, coincidirá com uma sessão da ONU dedicada à questão dos reféns israelenses na Faixa de Gaza, solicitada por Israel, que deseja que o tema ocupe o "centro da agenda mundial".

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"Hoje (terça-feira), ocorrerá uma reunião de segurança no gabinete do primeiro-ministro", com a participação dos ministros da Defesa e de Assuntos Estratégicos e o comandante do Estado-Maior do Exército, anunciou o canal de televisão N12.

Segundo a rádio pública Kan, que citou fontes do governo sob a condição de anonimato, "Netanyahu quer que o Exército de Israel conquiste toda a Faixa de Gaza".

'Sorte está lançada em Gaza', diz jornal

Vários membros do gabinete que conversaram com o primeiro-ministro "confirmaram que ele decidiu ampliar o combate para as áreas onde os reféns podem estar retido", segundo a emissora. "A sorte está lançada. Vamos pela conquista total da Faixa de Gaza", afirma o jornal Ma'ariv.

Em guerra contra o Hamas desde o ataque do movimento islamista palestino em seu território em 7 de outubro de 2023, o governo israelense enfrenta uma pressão crescente para encontrar uma solução para o conflito.

Netanyahu enfrenta uma pressão dupla: em Israel pela situação dos 49 reféns capturados em 7 de outubro que continuam em cativeiro, dos quais 27 teriam morrido, segundo o Exército; e no restante do mundo pelo sofrimento dos mais de dois milhões de palestinos que vivem na Faixa de Gaza, devastada e ameaçada por uma "fome generalizada", segundo a ONU.

Na manhã desta terça-feira, o Cogat, um organismo do Ministério da Defesa que supervisiona os assuntos civis nos territórios palestinos, reautorizou a entrada parcial de mercadorias privadas no enclave, de forma "controlada e progressiva".

"O objetivo é aumentar o volume de ajuda que entra na Faixa de Gaza e, ao mesmo tempo, reduzir a dependência da assistência por parte da ONU e das organizações internacionais", afirmou o Cogat.

Um "número limitado de comerciantes locais" poderá enviar a Gaza "produtos alimentares básicos, alimentos para bebês, frutas e verduras e itens de higiene", explicou o organismo.

O objetivo continua sendo "adotar todas as medidas possíveis para impedir o envolvimento do Hamas no fornecimento e distribuição da ajuda", segundo o Cogat.

O debate sobre os reféns israelenses

Israel impôs um bloqueio total a Gaza no dia 2 de março e suspendeu a medida parcialmente em maio, autorizando apenas a entrada de quantidades muito limitadas, consideradas insuficientes pela ONU. A comunidade internacional pressiona Israel para que permita um aumento da ajuda.

"Negar o acesso aos alimentos à população civil pode constituir um crime de guerra ou até mesmo um crime contra a humanidade", declarou na segunda-feira o Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk.

Desde o final de maio, quando foi implementado um novo sistema de distribuição de ajuda com a Fundação Humanitária de Gaza (GHF, na sigla em inglês), apoiada por Estados Unidos e Israel, pelo menos 1.373 palestinos morreram, a maioria por tiros israelenses, "quando buscavam alimentos", denunciou a ONU na semana passada. O Hamas acusa Israel de criar deliberadamente uma situação de "caos" e de "organizar a fome".

O ataque de 7 de outubro de 2023 causou a morte, em Israel, de 1.219 pessoas, a maioria civis, segundo uma contagem da reportagem baseada em dados oficiais.

Em Gaza, a ofensiva de resposta de Israel matou mais de 60.900 pessoas, também em sua maioria civis, segundo os números do Ministério da Saúde do território, governado pelo Hamas desde 2007. A ONU considera os dados confiáveis.

Em Israel, o debate sobre a necessidade de alcançar um acordo para que os islamistas libertem os reféns ganhou força no final da semana, após a divulgação de alguns vídeos pelo Hamas e a Jihad Islâmica que mostram dois sequestrados israelenses muito debilitados e desnutridos.

Muitos israelenses, começando pelas famílias dos reféns, exigem que a guerra termine para que os reféns possam voltar para casa. Netanyahu "está levando Israel à ruína e os reféns à morte", acusou o Fórum de Famílias de Reféns, a principal organização de parentes dos sequestrados.