A reunião em Pequim dos líderes chinês, Xi Jinping; russo, Vladimir Putin e norte-coreano, Kim Jong Un, é um "desafio direto à ordem internacional", declarou nesta quarta-feira (3) a chefe da diplomacia da União Europeia, Kaja Kallas.

Este encontro não apenas envia "sinais antiocidentais, mas também representa um desafio direto ao sistema internacional baseado em normas, e não se trata apenas de um símbolo", afirmou.

"A guerra da Rússia na Ucrânia conta com o apoio da China. São realidades às quais a Europa deve enfrentar", prosseguiu a ex-primeira-ministra da Estônia, em Bruxelas.

Em um discurso realizado logo depois, na tarde desta quarta-feira, Kallas voltou a se referir a essas ameaças que, segundo ela, afetam os equilíbrios mundiais e chamou a Europa a desempenhar plenamente seu papel no cenário internacional.

"China e Rússia falam sobre empreender juntos mudanças nunca antes vistas em um século" na arquitetura mundial de segurança, destacou.

"Putin, Kim e Xi se exibiram juntos em público pela primeira vez, projetando uma visão de paz através do cano de um fuzil. Isso não é o que a paz significa para a Europa", declarou enfaticamente.

O presidente chinês, Xi Jinping, seu homólogo russo, Vladimir Putin, e o líder norte-coreano, Kim Jong Un, participaram juntos nesta quarta-feira em Pequim de um gigantesco desfile com aparência de demonstração de força militar e diplomática. Na ocasião, Xi Jinping apresentou seu país como "imbatível".

Neste período de fortes tensões geopolíticas, a Europa deve "construir seu poder para participar como um ator de pleno direito", acrescentou Kallas.

Gaza é um "exemplo de situação na qual não usamos nosso poder geopolítico por falta de unidade", insistiu, fazendo um apelo aos 27 para juntos mostrar "coragem política".

Os países da UE não conseguem chegar a um acordo sobre impor sanções contra Israel, apesar da situação humanitária "catastrófica" em Gaza, que continuam denunciando após quase dois anos de guerra.