O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a gerar polêmica no último sábado (6/9) ao ameaçar uma intervenção militar em Chicago, terceira maior cidade do país. A declaração foi acompanhada de uma postagem em tom irônico nas redes sociais e reacendeu críticas de que o republicano age de forma autoritária, sendo classificado pela oposição como “aspirante a ditador”.

A ameaça se soma a operações já realizadas pelo governo federal em outras cidades dos Estados Unidos. Desde junho, tropas da Guarda Nacional e agentes federais têm sido destacados para ações em Los Angeles e em Washington, com foco em detenções e deportações. As medidas ocorreram mesmo diante de protestos de autoridades locais e resultaram em ações judiciais. Agora, Trump sinaliza que Chicago pode ser o próximo alvo, além de citar Baltimore e Nova Orleans, todas governadas por democratas.

Postagem com referência a Apocalypse Now

Na rede Truth Social, Trump publicou uma montagem inspirada no clássico filme "Apocalypse Now" (1979), de Francis Ford Coppola. Na imagem, ele aparece caracterizado como o tenente-coronel Bill Kilgore, personagem de Robert Duvall. Ao fundo, helicópteros militares sobrevoam um vilarejo, acompanhados da frase: “I love the smell of deportations in the morning” (“Adoro o cheiro de deportações pela manhã”), em referência à célebre fala sobre o uso de napalm no Vietnã (“Adoro o cheiro de Napalm pela manhã”).

A publicação também incluiu uma ameaça direta a Chicago. “Chicago está prestes a descobrir por que se chama Departamento de Guerra”, escreveu o presidente, em alusão ao decreto assinado um dia antes que mudou oficialmente o nome do Departamento de Defesa para Departamento de Guerra. Segundo Trump, a alteração tem como objetivo enviar “uma mensagem de vitória” ao mundo. A postagem foi replicada pela Casa Branca no X (antigo Twitter), acompanhada de emojis de helicópteros.

Reação em Illinois

A declaração foi recebida com indignação em Illinois, estado onde fica Chicago. O governador democrata J.B. Pritzker criticou duramente o presidente. “O presidente dos Estados Unidos ameaça declarar guerra contra uma cidade americana. Isso não é uma piada. Isso não é normal. Illinois não se deixará intimidar por um aspirante a ditador”, afirmou em publicação no X.

Críticas e debate político

As operações de Trump vêm sendo contestadas por especialistas em direito e segurança, que apontam abuso de poder federal e risco de escalada de tensões sociais. Para os críticos, a mobilização de tropas em cidades governadas por democratas é também uma forma de confrontar adversários políticos em ano eleitoral.

Já apoiadores do presidente argumentam que a presença militar e o reforço de agentes federais seriam necessários para combater a criminalidade urbana e reforçar políticas de deportação, bandeira central do governo republicano.

Com a nova ameaça, Trump amplia o embate entre governo federal e administrações locais e coloca em evidência, mais uma vez, o tom de confronto que tem marcado sua gestão. (Com informações da AFP)