No cenário da saúde pública brasileira, os hospitais filantrópicos desempenham papel essencial no atendimento médico a uma parcela significativa da população que depende do Sistema Único de Saúde (SUS). De acordo com dados da Federação das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos de Minas Gerais (Federassantas), esse atendimento atinge cerca de 70% da população mineira.  
Essas instituições enfrentam diversos desafios, especialmente no que diz respeito ao fornecimento de um atendimento humanizado e de qualidade a esses pacientes. 

A Fundação Hospitalar São Francisco de Assis (FHFSA), que gerencia as unidades Concórdia e Santa Lúcia do Hospital São Francisco de Assis, em Belo Horizonte, vem, cotidianamente, enfrentando e vencendo muitos desses combates. Hoje temos 36 especialidades e fechamos o ano 2023 com cerca de 800 mil procedimentos/atendimentos entre cirurgias, consultas, internações, exames laboratoriais e de imagem e sessões de quimioterapia, radioterapia e braquiterapia. 

Princípio fundamental de cuidado

Financiados por doações privadas, recursos públicos por meio de emendas parlamentares em níveis municipal, estadual e federal, essas instituições têm demonstrado que podem, sim, oferecer atendimento médico de qualidade e humanizado a pacientes do SUS. Para nós, esse atendimento humanizado é um princípio fundamental na prestação de cuidados de saúde. 

Envolve uma abordagem centrada no paciente, que considera não apenas a dimensão clínica da doença, mas também as necessidades emocionais, sociais e psicológicas do indivíduo.  

No contexto dos hospitais filantrópicos, o atendimento humanizado é ainda mais crucial, pois muitos pacientes enfrentam situações de vulnerabilidade socioeconômica e emocional diariamente. 

Limitação orçamentária e alta demanda

Para que a oferta da assistência humanizada e de qualidade chegue à população, temos que vencer diariamente as limitações orçamentárias e superar a alta demanda e muitas vezes a baixa capacidade de atendimento. A rotatividade de profissionais de saúde é outro desafio comum nos hospitais filantrópicos, devido a salários muitas vezes mais baixos em comparação às instituições privadas. 

A Fundação Hospitalar São Francisco de Assis é um exemplo emblemático dos desafios enfrentados pelos hospitais filantrópicos no Brasil. A falta de recursos financeiros adequados muitas vezes limita a nossa capacidade de investir em infraestrutura, tecnologia e capacitação de pessoal, mas não nos impede de sermos criativos e perseverantes. 

Por isso conseguimos implementar diversas iniciativas para promover o atendimento humanizado. Programas de capacitação, campanhas de conscientização e parcerias com instituições locais e voluntários são algumas das estratégias que adotamos para melhorar a qualidade do atendimento prestado aos pacientes do SUS. 

Serviço essencial

Somos uma instituição responsável socialmente e sustentável. Com cerca de 1.600 colaboradores, empregamos pessoas com deficiência (PCDs) e migrantes. Temos mais de 1.200 mulheres em nossos quadros e abominamos o etarismo.  

Afinal, nosso papel como instituição de saúde filantrópica é essencial para o funcionamento do SUS e o atendimento da população mineira que depende desse serviço. Somos essenciais para milhares de pessoas que precisam muito dos nossos serviços médicos. Com muito orgulho, somos um hospital filantrópico. 
 
(*) Helder Yankous, superintendente-geral; Leonardo Brescia, superintendente-técnico Assistencial e; Adriana Melo, superintendente de Serviços Hospitalares da Fundação Hospitalar São Francisco de Assis