O Congresso dos Estados Unidos apontou que o aumento de imigrantes ao país pode fazer o PIB crescer US$ 7 trilhões nos próximos 10 anos – mais que um quarto do resultado de 2023. Em período pré-eleitoral, esses dados são elementos-chave de análise, já que a imigração está entre os principais temas de interesse na disputa presidencial de 2024. 

Com a imigração nos ritmos atuais, a força de trabalho deve crescer em 5,2 milhões de pessoas até 2033, ainda segundo o estudo. A lógica para essa conta é simples: com mais trabalhadores, mais impostos são pagos e maior é a procura de produtos e serviços, fazendo a economia gerar mais receitas para o governo. Ao longo dos anos, os imigrantes têm contribuído com a economia dos EUA, tendo se tornado indispensável para diversos setores como o hoteleiro, agropecuário, de restaurantes, construção civil e serviços em geral.  

Poder das empresas de migrantes

O relatório anual do Conselho Americano de Imigração revelou que 44,8% das empresas da Fortune 500 em 2023 foram fundadas por imigrantes ou seus descendentes. Estas 224 empresas geraram uma receita conjunta de US$ 8,1 trilhões em 2022, superando o PIB de várias nações desenvolvidas, e empregam mais de 14,8 milhões de pessoas, destacando o papel crucial dos imigrantes na criação de empregos nos EUA. Políticas anti-imigração 

Embora os imigrantes sejam cruciais para a economia norte-americana, alguns Estados buscam restringir a entrada dessa população em seus territórios. A Flórida, por exemplo, liderada pelo Partido Republicano, aprovou no ano passado uma lei que criminaliza o transporte de imigrantes indocumentados, impõe multas pesadas a empresas que os empregam e até permite que cidadãos detidos por policiais realizem perguntas sobre o status migratório de outras pessoas.  

Nova lei de migração

A nova lei de imigração, em vigor desde 1º de julho de 2023, dificulta a contratação de imigrantes ilegais ao expandir as verificações de trabalhadores e exigir que empresas com 25 ou mais funcionários usem o sistema E-Verify. Também proíbe financiamento de programas de identidade para imigrantes sem comprovação legal nos EUA e inválida carteiras de motorista de outros estados. Essa lei chega em meio a uma crise de escassez de mão de obra no país, exacerbada pela pandemia da Covid-19, com impactos particularmente graves no setor agrícola, que depende fortemente do trabalho imigrante.  

Segundo uma análise recente da KFF Health News, os 1,8 milhão de imigrantes na Flórida são a força motriz por trás da economia do Estado. Eles representam 37% da força de trabalho na agricultura, 23% na construção civil e 14% em empregos de serviços. Em resumo, sem eles a economia da Flórida sofreria um colapso. 

Ações nos Estados

Do mesmo modo, o Texas está implementando leis restritivas com o objetivo de dificultar a vida dos imigrantes indocumentados. Recentemente, o governo do estado entrou em uma batalha judicial nos EUA para colocar em vigor uma nova lei que torna crime a entrada ilegal de imigrantes pelo México e prevê sua deportação. 

Por outro lado, Estados como Califórnia, Nova York e Illinois, adotam uma postura em prol da população imigrante. Na Califórnia, por exemplo, imigrantes indocumentados têm direito a carteira de motorista, plano de saúde pública e licenças profissionais. 

Polarização

Essas políticas estaduais refletem a polarização da sociedade norte-americana e deixam evidente caminhos opostos para o tratamento da população imigrante no país. Cabe aos eleitores decidirem se adotarão uma postura mais conservadora ou se defenderão uma resposta mais pragmática, alinhada às demandas de setores fundamentais para o crescimento do país e, sobretudo, aos direitos humanos 

(*) Marcelo Gondim é advogado especializado em imigração e integrante da Aila (American Immigration Lawyers Association