O futebol, esporte mais popular globalmente, encontrou no Brasil um de seus maiores fomentadores. Contudo, as novas dinâmicas globais exigem um novo preparo para o ecossistema do futebol, especialmente na formação de novos atletas. Questões fundamentais emergem: como as crianças e os jovens de hoje crescem e vivem? Qual o ambiente cultural e educacional que os molda? Quem os educa? Se desenvolvem interesse pelo futebol, como são estimulados a seguir carreira?
Para enfrentar esses desafios, a Universidade do Futebol, em parceria com a Alvarez e Marsal, lançou o movimento “Progresso Futebol de Base” (2023-2030), com o objetivo de transformar o futebol de base no Brasil. Desde outubro de 2023, mais de cem profissionais de diversas profissões e organizações vêm contribuindo para o movimento.
Em maio, uma audiência pública em Brasília organizada pelo deputado federal Eduardo Bandeira de Mello reuniu representantes da Universidade do Futebol, A&M, Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ministério do Esporte, Federação Paulista de Futebol, Pacto pelo Esporte, Associação Brasileira de Executivos de Futebol (Abex) e Sport Integrity Global Alliance (Siga). A reunião apresentou estudos iniciais do movimento e destacou a necessidade de intervenção pública para implementar políticas adequadas.
A audiência foi bem recebida e resultou na criação de um grupo de trabalho interdisciplinar, em parceria com a Frente Parlamentar para a Modernização do Futebol, também liderada por Bandeira de Mello. A primeira tarefa do grupo é revisar as leis existentes e em tramitação para, a partir daí, desenvolver um Plano Nacional de Futebol. Essa etapa é crucial para modificar a realidade do futebol de base no Brasil.
Foram destacadas inúmeras necessidades, incluindo o que salientou Athirson Mazzoli, secretário nacional de Futebol do Ministério do Esporte, como a ampliação do programa e do número de clubes certificados com o Certificado de Clubes Formadores (CCF).
Atualmente, apenas 56 dos 778 clubes profissionais em atividade no Brasil possuem essa certificação segundo Ênio Gualberto, da CBF. A urgência em unir todos os envolvidos no futebol para superar esses obstáculos é evidente.
Mauro Silva, ex-atleta e tetracampeão mundial, hoje vice-presidente da Federação Paulista de Futebol, ressaltou, durante a audiência pública, a importância dos investimentos na base para seu desenvolvimento. Sua experiência no Guarani F.C., na década de 1970, foi decisiva para sua formação e sucesso no futebol e em sua vida pós-carreira.
Os tempos mudaram, e os desafios também. Contudo, exemplos como o de Mauro Silva evidenciam a necessidade de unir todo o ecossistema do futebol para formar uma base mais forte, na qual o desenvolvimento humano integral seja uma prioridade.
É importante lembrar que menos de 2% dos jovens do futebol de base chegam ao time principal. Portanto, é essencial criar um plano que considere todos os envolvidos e cuide de 100% desses jovens.
O Progresso Futebol de Base e a formação do grupo interdisciplinar almejam engajar todos que acreditam no potencial do futebol e do Brasil, unindo forças para construir um futuro melhor para o futebol de base no país.
Heloisa Rios é CEO da Universidade do Futebol