Rodrigo Godoy é CEO da Fundação da Gide (FdG)

Hoje, 11 de agosto, celebramos mais um Dia do Estudante. Celebrar, entretanto, não seria o termo adequado quando levamos em conta os resultados de aprendizagem na educação básica brasileira. Os números mais recentes do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), atualizados pelo Iede (Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional) apontam que, em 2023, apenas 16% dos alunos do 9º ano da rede pública de ensino tinham nível de aprendizado considerado suficiente em matemática. Em 2019, esse percentual era de 18%, e em 2021, caiu para 15%. No Ensino Médio, a situação é ainda mais alarmante: apenas 5% dos estudantes alcançam um desempenho satisfatório na disciplina, mesma porcentagem de 2021. 

Na comparação internacional o cenário não é diferente: é o caso do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que mede a proficiência de estudantes de cerca de 80 países do mundo em leitura, matemática e ciências. Amargamos, nesse importante indicador, as últimas posições em todas as áreas do conhecimento, mesmo quando comparados a países que investem menor percentual do Produto Interno Bruto (PIB) em educação. 

É claro que poderíamos – e queremos – mais. Apesar de, atualmente, o Poder Público estar trabalhando para garantir que a educação tenha, de fato, um futuro promissor, a velocidade das ações ainda está aquém do necessário. Desde que métricas comuns de avaliação foram estabelecidas, o Brasil evolui lentamente em resultados de aprovação e proficiência (aqui vale abrir ainda um parêntese importante para a pandemia, percalço que impactou uma geração inteira). 

Iniciativas para evolução

O lado bom dessa história é que já sabemos o que dá certo em termos de aprendizagem no Brasil. É possível constatar que em praticamente todos os casos de resultados consistentes de aprendizagem em escala – ou seja, em redes e com evolução contínua – o uso de método e ferramentas adequadas de gestão educacional foi uma constante.

O caso mais longevo é o do Ceará, que hoje reúne grande parte das escolas com os melhores resultados no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), principal mensurador da qualidade da educação básica no país. Logo, quando há, no plano político, uma diretriz voltada a melhorar os resultados de aprendizagem, lideranças perseverantes e disposição para reunir os melhores parceiros disponíveis para aporte técnico/metodológico, as melhorias inevitavelmente acontecem. 

Esse caminho passa por valorizar e apoiar quem faz a educação acontecer. É o primeiro passo para garantir que nossos alunos sejam bem-sucedidos em sua jornada escolar. Para tal, faz-se mais necessária e urgente a formação de gestores educacionais – profissionais presentes nas secretarias de educação e regionais de ensino, que estabelecem a ponte com as escolas. Eles têm papel crucial para que as redes alcancem resultados em sua finalidade: a aprendizagem dos alunos. 

Geração de resultados

Além da formação, o apoio das secretarias ao gestor escolar, durante sua jornada, é fundamental e mais que bem-vindo: trata-se de facilitar o processo de geração de resultados com a utilização de método científico, que engloba uma trilha gerencial e um passo a passo objetivo sobre o que fazer para alcançar uma determinada meta. 

O que ainda vemos na prática brasileira é que muitas vezes o gestor escolar – um professor de carreira – é deixado sozinho com o desafio de gerar resultados de aprendizagem na sua escola. Sua chance de sucesso, obviamente, torna-se pequena, já que ele é obrigado a fazer isso de forma empírica. Precisamos de senso de urgência se de fato quisermos mudar essa realidade.