Há ações urbanas paradigmáticas indutoras de revitalização de espaços públicos em todo o mundo. O Museu Guggenheim, em Bilbao, na Espanha, ou a High Line, em Nova York, são belos exemplos. Nesse sentido, o Circuito Cultural e Turístico Liberdade está também, e perto de completar seus 15 anos, desempenhando um papel crucial na transformação do hipercentro de Belo Horizonte, em especial na região da Savassi, onde assistimos a uma crescente e vibrante vida noturna, comercial e de serviços.

O Circuito Liberdade, criado em 2010 e que integra quase 40 equipamentos culturais no entorno da praça da Liberdade, já se consolidou como um motor essencial para esse processo de requalificação do hipercentro da capital, seu território de abrangência. Ficou para trás o esvaziamento da região, com a saída da administração do Estado para a Cidade Administrativa.

Em 2023, o Circuito atraiu o recorde de 7,4 milhões de visitantes – um crescimento de 174% em relação ao ano anterior –, e o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB-BH) foi o espaço cultural mais visitado da América Latina, fato que deve ser muito celebrado e nos nortear rumo aos aprimoramentos sempre possíveis. Esse dinamismo tem gerado um impacto significativo no comércio local, cafés, restaurantes, bares e hotéis. O Palácio da Liberdade tornou-se, nesse contexto, uma continuação da praça, com seus jardins e portões abertos cotidianamente.

A economia da criatividade, conceito que envolve a aplicação de talento e criatividade para gerar valor cultural e econômico, é um pilar fundamental dessa transformação. Sob gestão da Fundação Clóvis Salgado, compartilhada com os equipamentos parceiros, o Circuito Liberdade tem contribuído para isso de maneira significativa por meio de uma série de festivais e eventos.

O Natal da Mineiridade, um festival anual que celebra as tradições natalinas, é um exemplo de como os equipamentos culturais se tornam centros de atração. O evento inclui apresentações musicais, feiras de artesanato e gastronomia locais, promovendo a cultura mineira e atraindo turistas da capital, do interior de Minas e de todas as partes do país, segundo pesquisas do Observatório do Turismo.

Outro destaque é a Virada da Liberdade, que transforma a praça da Liberdade em um ponto de encontro vibrante para a celebração do Ano-Novo. Com shows ao vivo, atividades para todas as idades e uma atmosfera animada e segura para dezenas de milhares de pessoas, a Virada da Liberdade, que já realizou duas edições, contribui para a dinamização da região, estimula a economia e gera emprego e renda. Minas torna-se, assim, com sua capital, um destino festivo nesse período do ano.

As exposições e mostras realizadas no Circuito Liberdade apresentam, divulgam e ressaltam a efervescente cena cultural e artística da capital, promovendo o comércio e oferecendo aos visitantes a oportunidade de explorar a diversidade da arte mineira em suas múltiplas linguagens. As feiras de cozinha mineira, tanto a tradicional quanto a contemporânea, celebram a rica gastronomia do nosso Estado, reunindo chefs e produtores locais para oferecer pratos autênticos e inovadores.

Os investimentos nos equipamentos e pelos equipamentos têm sido direcionados para ações culturais, seminários e mostras, que não apenas enriquecem a oferta cultural da cidade, mas também estimulam a indústria criativa. O Circuito Liberdade está demonstrando como a economia da criatividade pode ser uma força transformadora para o desenvolvimento socioeconômico de Belo Horizonte, fortalecendo a cidade como um centro cultural dinâmico, plural e atraente para todo mundo.

(*) Leônidas de Oliveira é secretário de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais