O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anunciou o aumento da taxa de juro para 10,75% ao ano e, com isso, o Brasil passou a ter o segundo maior juro real do mundo. A expectativa do mercado é de que ela continue subindo até atingir 11,50% ao ano em janeiro – com um crescimento de 1 ponto percentual ao todo.
A elevação da taxa de juros no Brasil tem efeitos profundamente negativos sobre a indústria e a economia como um todo. Anterior ao anúncio do Copom, inclusive, entidades do setor, entre elas a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), se manifestaram, enfatizando que tal cenário coloca a economia em alerta, intensificando a política monetária contracionista.
A indústria mineira vem aquecida, como mostrou a última pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE): a produção da indústria de Minas Gerais aumentou 3,8% em julho na comparação com o mesmo mês do ano anterior. Mas agora, com a alta dos juros, esse crescimento se vê ameaçado.
Embora o objetivo do aumento da taxa de juros seja controlar a inflação, uma política monetária excessivamente restritiva pode resultar em crescimento econômico mais lento, aumento do desemprego e queda no investimento, especialmente em setores como a indústria.
Crédito caro e consumo baixo
A alta nos juros aumenta o custo do crédito, tornando mais caro para as empresas financiarem seus investimentos em maquinário, tecnologia e expansão. Com menos recursos disponíveis para investir, as indústrias enfrentam dificuldades para modernizar suas operações e aumentar sua competitividade no mercado.
Outro ponto a considerar é a insegurança econômica que a elevação das taxas de juros provoca. Com um ambiente de negócios instável, os empresários ficam cautelosos, adiando decisões de investimento e expansão. A falta de previsibilidade torna o planejamento a longo prazo extremamente difícil, desestimulando iniciativas que poderiam impulsionar a economia.
Desestímulo também para o consumo das famílias. Com o crédito mais caro, os consumidores tendem a reduzir gastos, adiando compras de bens e serviços, o que tem um efeito direto sobre as vendas das indústrias. O ciclo, então, se torna vicioso: menos consumo leva a menos produção, o que, por sua vez, gera ainda mais desemprego e diminuição da renda da população.
A combinação de menor investimento, consumo reduzido e insegurança no ambiente de negócios cria um cenário desfavorável, comprometendo o crescimento econômico sustentável. Para que a indústria brasileira possa prosperar, é fundamental que a política monetária seja ajustada de forma a promover um equilíbrio, estimulando tanto os investimentos quanto o consumo.
A manutenção de taxas de juros elevadas, portanto, não é apenas prejudicial para a indústria, mas ameaça o desenvolvimento econômico, de Minas Gerais e do país como um todo, destino que devemos evitar a todo custo.
(*) Erick Souza é diretor da Maximu’s Embalagens Especiais – Unidade Varginha (MG)