Pensar a sustentabilidade não é pensar no futuro. É refletir sobre o que podemos fazer agora, para mudar a trajetória ambiental, social e econômica pela qual o mundo tem seguido. Se pudéssemos fazer uma lista de providências que podemos tomar hoje para mudar o futuro, no primeiro item estaria uma transformação na educação.

A educação para a sustentabilidade é um desafio urgente imposto à sociedade e já tem despertado o interesse e investimentos de diversas empresas no Brasil por ser um dos objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS) da ONU. O foco do ODS 4, por exemplo, está em “garantir que todos os alunos adquiram conhecimentos e habilidades necessárias para promover o desenvolvimento sustentável”.

Há pouco tempo, a Unesco divulgou ferramentas que apoiam as escolas brasileiras a prepararem os estudantes frente à crise climática, tornando os currículos mais “verdes” e colaborando para a transformação social ao incutir uma cultura de sustentabilidade.

As empresas, institutos e fundações podem atuar de várias formas para contribuir com este cenário. Na Fundação ArcelorMittal, desenvolvemos a Liga Steam – uma estratégia para a educação brasileira baseada na abordagem Steam, que integra os ensinos de Ciências, Tecnologia, Engenharia, Artes e Matemática. A metodologia está associada à necessidade urgente da economia global de integrar diferentes áreas do conhecimento para lidar com questões complexas da realidade, sejam elas de natureza social, ambiental ou econômica. 

Ao pensarmos no contexto brasileiro, acreditamos que a proposição de iniciativas com foco e intencionalidade para mulheres e pessoas negras são imprescindíveis para alcançarmos melhores resultados nesse desenvolvimento sustentável.

A abordagem Steam contribui para difundir a educação para a sustentabilidade. Uma das iniciativas estimulam os estudantes a desenvolverem soluções criativas e inovadoras para problemas reais das suas comunidades, além de serem preparados para o uso inteligente de recursos, trabalhar colaborativamente e o espírito empreendedor. Alunos que recebem essa formação tendem a se tornar adultos e profissionais que promovem estilos de vidas mais sustentáveis.

Recentemente, palestrei na Rio Innovation Week 2024 – a maior conferência global de tecnologia, inovação e empreendedorismo. O evento tem o objetivo de discutir a responsabilidade dos brasileiros na promoção de um futuro inclusivo e economicamente sustentável. Atores do ecossistema de Tecnologia e Inovação e de diferentes setores da economia se reuniram para tratar de assuntos relacionados ao tema com o compromisso de gerar impacto real e transformar realidades.

Por lá, participei de um debate sobre o papel das empresas na educação para a sustentabilidade. Sobre este assunto, destaquei a necessidade de refletirmos sob a perspectiva dos 3C’s: conscientização, coerência e cooperação.

É preciso ser consciente e mudar a mentalidade, provocando uma mudança da cultura. Na perspectiva organizacional, a cultura é responsável por moldar os comportamentos e as atitudes dos colaboradores e, consequentemente, influenciar as localidades em que está presente e toda a sociedade. Ser coerente quando o assunto é sustentabilidade é se comprometer, aliando os valores com a prática organizacional.

Como toda a transformação que de fato gera impacto, a educação para sustentabilidade só é possível com o envolvimento de muitos atores. É preciso ter ações em cooperação entre as empresas.

Ações isoladas têm menos impacto e relevância do que ações coordenadas e em parceria. Ao conscientizar, ser coerente sobre o que se diz e o que pratica e fomentar a cooperação, as organizações desempenham um papel crucial na transformação da sociedade e isso é urgente. E você, o que já fez a respeito do futuro hoje?

(*) Camila Valverde é diretora Superintendente da Fundação ArcelorMittal