Jacqueline Caixeta é supervisora pedagógica e palestrante
No mês em que se comemora o Dia Internacional da Mulher, tivemos, em uma única semana, três mortes por feminicídio. Isso só em Belo Horizonte.
Os motivos, ah, os de sempre. E sempre é muito pra mim. Já estou cansada de ser sempre assim.
Até quando nós, mulheres, vamos aguardar que uma medida protetiva nos proteja? Que o Estado nos proteja desses animais? Até quando seguiremos sendo julgadas e condenadas à morte pelo simples de fato de sermos mulheres?
Quantas leis precisarão ser criadas e como fazer para que não sejam ignoradas?
A mulher não pode ser um ser frágil, uma presa fácil. Somos guerreiras, fortes e resistentes. Esse olhar machista sobre a mulher só a deixa mais vulnerável às situações de violência. Olhar a mulher como um ser íntegro e de direitos é o primeiro passo para que ela seja mais respeitada.
Estamos no século XXI e ainda somos julgadas e expostas como nos séculos anteriores. Nosso direito à liberdade, ao prazer não passa de um discurso vazio e hipócrita de uma sociedade que nos anula cada vez mais, que nos cala e nos amordaça com suas leis que não são cumpridas. Alguns canalhas difamam mulheres e as colocam expostas ao ridículo. Isso também é matar!
Uma mulher é agredida e seu agressor fica solto, ameaçando-a diariamente. Uma medida protetiva não impede que ele a mate. Pesquisas apontam monstruosidades que são feitas com mulheres o tempo inteiro, e nada muda. Até quando continuarão com esse massacre?
A educação tem grande responsabilidade em tudo isso. É preciso que as escolas tragam discussões sobre os direitos das mulheres e conscientizem os alunos do sexo masculino de que respeitar uma mulher é obrigação de todo homem. Que a mulher tem direito de dizer “não, não quero mais”. Ela tem direito a ter sua vida afetiva como e com quem quiser, sem precisar ser difamada, exposta, ridicularizada, como se fazia antigamente.
Não estamos na época da inquisição. A mulher não precisa ser “queimada” em praça pública porque decide ter relacionamentos, usar a roupa que quiser, frequentar os locais que desejar, enfim, a mulher é livre e precisa que sua liberdade seja respeitada.
Que o homem é bicho, isso eu sei, mas bicho racional, pensa... Não precisa ser bicho no sentido irracional e agir como um animal ferido, como se fosse bem primitivo, pois a mulher não é objeto de ninguém, não é propriedade de ninguém.