Jacqueline Caixeta é supervisora pedagógica  e palestrante

Ah, a maternidade! Cheia de encantos e alegrias, no entanto, contudo, todavia, uma tarefa, muitas vezes solitária. Sim, de solidão também se faz uma mãe!

Quando falo em solidão, não estou me referindo apenas às mães solos não, estou me referindo à todas as mães que carregam consigo a responsabilidade da parentalidade sozinhas. É como se saíssem da maternidade com uma carga imensa de sonhos e também solidões.

Solidão em todas as vezes em que se percebe única na vida do filho, como sendo a única responsável por seu sucesso e fracasso. Que toda mãe carrega a bandeira da culpa, já sabemos. Dizem que quando nasce uma criança, nasce uma culpada: a mãe. Agora que as mães carregam a solidão, isso ninguém fala.

Julgamento permanente da sociedade

É muito difícil criar um filho quando se tem apenas a mãe como referência em tudo. São muitas vezes casadas, com seus companheiros do lado, mas que não passam de mero coadjuvantes na tarefa de criar e educar filhos. Muitos homens, graças a Deus não são todos, não percebem que a criação dos filhos é uma tarefa para ser cumprida a dois. Escapam, alguns fisicamente e literalmente, outros, ficam, por anos, camuflados em papéis de papais, mas que não os exercem com a dignidade efetiva.

A sociedade parece que julga a mãe o tempo todo e coloca em suas costas uma carga bem maior do que ela possa aguentar. É comum notícias de que a mãe abandonou o filho, mas e o pai? Esse filho não tem pai não? Quando as escolas chamam para conversar, quem vai? A mãe, lógico! E cadê a escola que se constitui muitas vezes por maioria do gênero feminino, não questiona e exige a presença do pai? Penso que cada vez que convocamos a família e aparece apenas a mãe, devíamos, mandar ir para casa e voltar com o pai junto. Cadê esse homem que se acovarda e se omite tantas e tantas vezes? Trabalhando? Ora bolas, bem sabemos que as mães também trabalham, e muito.

Serão os filhos apenas filhos da mãe?

Questiono sobre isso sempre que me deparo apenas com a figura materna em situações que, certamente, caberiam pai e mãe. Os filhos são só da mãe?

É preciso falar sobre uma maternidade solitária e cansada, sobre como as mães se cansam e muito. Mãe também tem vontade de sumir no mapa, desaparecer, surtar e ir embora, principalmente quando ela é sozinha em sua função.

Pais e filhos precisam saber disso. Eles precisam saber que mãe não é máquina, não funciona no automático, não é aparelho e eletrônico que, basta recarregar a bateria e volta a funcionar. As mães são de carne e osso, precisam dormir, se alimentar bem, divertir, exercer a maternidade sem culpa e sem sobrecarga. A ideia romântica da maternidade não pode massacrar as mães a ponto delas se acabarem dia após dia.

Ser mãe é lindo e delicioso, mas também é muito cansativo, desgastante e precisamos falar disso. Precisamos que os homens se apropriem de suas funções paternas e dividam de maneira equânime a criação dos filhos. Onde está escrito que só a mãe tem que ensinar o para casa? Que só a mãe tem que dar banho? Comida? Remédio? Fazer dormir? Passar noites em claro com o filho doente ou a espera do filho que ainda não voltou do rolê?

Que os pais participem

Que cada pai que esteja me lendo agora, possa refletir sobre sua paternidade e como tem sido parceiro na deliciosa e desafiadora tarefa de criar filhos. Que as mães não precisem mais se sentirem tão solitárias nessa aventura, que elas possam saborear cada momento da maternidade com mais leveza e alegria.

Os filhos não são só da mãe, eles são do pai e da mãe. Nenhuma mãe precisa carregar a solidão de criar um filho sozinha. A maternidade tem muitos encantos, mas também tem muito bicho papão quando se está sozinha neste conto de fadas.