Paulo H. Pichini é vice-presidente de business transformation da Ricoh Latam
Aumentar a produtividade da economia brasileira é um grande desafio. Segundo estudo do Observatório de Produtividade Regis Bonelli – grupo de pesquisadores que faz parte do FGV Ibre –, no primeiro trimestre de 2025 o crescimento da produtividade por hora efetivamente trabalhada foi nulo: 0. No quarto trimestre de 2024, a marca foi de -0,5. Há, no entanto, ilhas de excelência, em que a produtividade avança muito. É o caso do setor de agronegócio, que cresceu 14% em relação ao primeiro trimestre de 2024. Estimativas da Esalq apontam que, em 2025, o agronegócio poderá representar 29,4% do PIB nacional. A indústria, por outro lado, decresceu 0,8%, e a área de serviços teve sua produtividade reduzida em 1,4%.
Reunindo cerca de 70% de todos os trabalhadores brasileiros, o setor de serviços não consegue avançar nessas marcas. As horas efetivamente trabalhadas nesse segmento cresceram 3,5% entre janeiro e março de 2025, mas o valor adicionado (resultados) avançou apenas 2,1%.
Dados como esse delineiam a crise de produtividade que atinge as organizações brasileiras. Transformar esse quadro exige uma abordagem multidisciplinar. Estudo da McKinsey publicado em 2024 lista as colunas de uma cultura que promove avanços em produtividade.
Redesenho e racionalização dos processos: simplificar regras e procedimentos contribui para aumentar a eficiência das equipes.
Inovação: incentivar a inovação organizacional pode levar ao desenvolvimento de ofertas novas e atrai mais clientes.
Integração tecnológica: inteligência artificial, automação de workflow e análise de dados podem otimizar processos e aumentar a eficiência.
Força de trabalho qualificada: investir nas habilidades e no treinamento da força de trabalho multiplica os talentos e as entregas da equipe.
Estudo do instituto Gallup, divulgado em abril deste ano, informa que, nos EUA, US$ 1,9 trilhão são perdidos ao ano por baixa produtividade. O mesmo relatório aponta que 49% dos colaboradores explicam a baixa produtividade por altos índices de estresse causado pela falta da infraestrutura tecnológica e de processos que é necessária para realizar seu trabalho a contento. O resultado é 30% de redução em engajamento do profissional em seu trabalho.
Para evitar quadro como esses, é recomendável avaliar como a tecnologia está sendo aplicada. A inovação digital deve ser projetada para resolver desafios objetivos, sendo implementada numa sequência que envolva o treinamento dos usuários e vá promovendo resultados ao longo dessa jornada. Isso facilita o engajamento dos clientes e colaboradores com esse novo paradigma. Outro ponto ressaltado pelos analistas da McKinsey é inserir o novo ambiente digital numa visão de serviços gerenciados que sustente a operação e promova atualizações constantes.
Uma forma de tentar atingir essas metas é analisar o que o conceito de workplace experience aporta à aceleração da produtividade de uma organização. A partir de uma visão consultiva, em que o desenho e a automação de processos servem de fio condutor dos novos ambientes digitalizados, o workplace experience permite a imersão do cliente ou do colaborador num espaço pensado para a máxima criatividade. Num mundo em que as forças de trabalho estão cada vez mais distribuídas, esse enfoque é aplicado tanto nas sedes das empresas como no acesso remoto.
É uma abordagem “as a service”, em que vários elementos contribuem para a eliminação de barreiras entre pessoas, departamentos e empresas. Trata-se de um universo construído para que, por meio de plataformas de colaboração, o ser humano realize sua potencialidade em equipe, da forma mais prazerosa possível. Esse arcabouço digital inclui a nuvem híbrida, impressoras, servidores e desktops, recursos de cibersecurity e camadas de software. Nessa oferta “as a service” chamam a atenção, também, avançadas soluções de som, imagem, vídeo e reconhecimento de movimento/presença.