Ágide Eduardo Meneguette é presidente interino do Sistema Faep
O leite é um dos produtos mais versáteis do setor agropecuário. Existem incontáveis aplicações e receitas do leite e seus derivados na gastronomia, seja em pratos doces ou salgados. Isso sem falar no bom e velho copo de leite, indispensável no café da manhã da população. A versatilidade também se reflete na produção: a pecuária leiteira está presente nos 399 municípios do Paraná, em pequenas, médias e grandes propriedades. São mais de 4,4 bilhões de litros produzidos anualmente, que proporcionam um Valor Bruto de Produção (VBP) de R$ 12,1 bilhões, o quarto no ranking de produtos agropecuários.
Todo esse volume faz com que o Paraná se consolide como o segundo maior produtor de leite do Brasil, atrás apenas de Minas Gerais. Além da quantidade, os produtores paranaenses têm se destacado, cada vez mais, pela qualidade. Ao longo das últimas décadas, o setor passou por profundas transformações tecnológicas e organizacionais, que se refletem nos volumes de leite produzidos.
Um dos principais indicadores desse avanço é o aumento da produtividade por vaca, que saltou mais de 50% em seis anos no Paraná: de 10,2 litros/animal por dia em 2017 para 15,3 litros em 2023. Essa evolução é resultado direto do investimento em genética, manejo adequado, alimentação de qualidade e assistência técnica especializada. Além disso, há inúmeros indicadores que apontam a melhoria da qualidade do leite produzido e processado no Paraná.
Um dos exemplos dessa excelência é a bacia leiteira localizada entre Castro e Carambeí. Com propriedades mais tecnificadas, as médias de produção por vaca superam os 23 litros por dia – o triplo da média nacional. Isso faz com que Castro seja reconhecido como a Capital Nacional do Leite. Mas não é só. O Paraná tem importantes bacias leiteiras em todas as suas regiões.
Uma das forças motrizes desse avanço é a capacitação constante, conduzida pelo Sistema Faep, por meio de seus cursos. São inúmeros títulos disponibilizados, voltados a todos os elos da cadeia produtiva – desde etapas dentro da porteira, que incluem a pastagem e o manejo do gado, até o processo do leite. Um dos expoentes desse movimento de capacitação é o Centro de Treinamento Pecuário (CTP), localizado em Castro, que oferta cursos mais aprofundados e modernos.
Além disso, a qualificação do setor está prestes a ganhar um reforço sem precedentes. O Paraná vai sediar o Centro de Excelência em Leite, que será construído em Castro, ofertando cursos de técnicos e especializações voltados a essa cadeia produtiva. A previsão é que o espaço comece a funcionar em 2027, ampliando a formação de mão de obra especializada para o setor.
O resultado de tudo isso já se vê no mercado consumidor, com produtos que caíram no gosto das pessoas. Recentemente, por exemplo, a segunda edição do Prêmio Queijos do Paraná atestou a excelência dos derivados lácteos produzidos em nosso estado.
O concurso premiou 75 produtos, com medalhas de bronze, prata, ouro e “superouro”. Mais do que isso, a iniciativa contribuiu para divulgar ainda mais a qualidade dos produtos do setor lácteo.
O futuro é promissor para a cadeia do leite no Paraná. A proposta é que os queijos paranaenses obtenham a mesma fama dos mineiros, pois a qualidade já é similar. Em alguns anos, o Paraná também pode ultrapassar Minas Gerais no ranking de produção de leite. A julgar pelo comprometimento do setor produtivo – de pecuaristas a instituições como o Sistema Faep, estamos trabalhando para isso e vamos consolidar ainda mais o papel do Paraná como referência no cenário nacional.