Choro, frio no estômago, sensação de medo, falta de foco, dificuldade para respirar, taquicardia, inquietude, angústia, boca seca, falta de memória... Tudo isso pode vir da ansiedade, e pelo menos 9,3% da população brasileira é afetada diariamente por algum desses sintomas.
Somos o país mais ansioso do mundo. Esse problema afeta pessoas cada vez mais jovens.
Desde a criação do primeiro ansiolítico, clordiazepóxido, e do antidepressivo, imipramina, muito se investiu na criação dessa classe de medicamentos que atuam no sistema nervoso central, chegando a uma extrema banalização da prescrição de tais fármacos.
A vida contemporânea é desafiadora, cria exigências que nem sempre respeitam nossos limites. Escola, trabalho, afetos, expectativas, frustrações, encontros e desencontros. Podemos escolher não sentir ou sentir mais “de leve”?
Uma paciente passando por um momento de divórcio, tendo perdas afetivas e financeiras, apresentava dores de cabeça e de coluna. Chorosa me advertiu: “Eu estou triste, mas não quero tomar remédio que me anestesie, preciso ficar lúcida, tenho que tomar muitas decisões e quero sentir tudo que preciso viver e, quando conseguir elaborar, estarei pronta para começar uma nova história”.
Apesar do desejo de minha paciente, essa demanda por lucidez está cada vez mais incomum, está cada vez mais habitual encontrar pessoas querendo ser anestesiadas, com cigarros, álcool, drogas ilícitas ou lícitas.
É muito incerto e individual o limite entre o enfrentar e o adoecer, porém, a despeito disso, devemos oferecer outras formas de o paciente manter-se equilibrado, mesmo nas adversidades.
Muitas atitudes que têm efeitos calmantes fortalecem emocionalmente e são mais sustentáveis, como a prática de meditação, chás, atividade física, ioga, florais, óleos essenciais, acupuntura, homeopatia e psicoterapia, porém, são negligenciadas pela comodidade de tomar um comprimido, entretanto devemos estimulá-las, antes de oferecer uma alternativa farmacológica.
Muitas pessoas em momentos de estresse comem para aplacar a ansiedade e para evitar a compulsão buscam medicamentos, porém, além de eles poderem levar a dependências, não resolvem a causa do problema e alteram a glândula suprarrenal, causando aumento do cortisol.
O cortisol leva ao aumento da insulina, causando uma sensação de “fome” por alimentos muito calóricos, o que, na contramão de tudo o que se deseja, causa mais dificuldade de perder peso.
A indústria farmacêutica encontrou na compulsão uma nova indicação de medicamentos que alteram o humor.
Devemos considerar todos os caminhos que possam ser trilhados primeiro. Embora exista uma oferta medicamentosa variada, sempre é mais amoroso capacitar o indivíduo para construir sua saúde destituindo os poderes dos remédios para entregá-lo a quem de fato precisa ser poderoso na sua história: o indivíduo.