O uso da cetamina como droga recreativa deve mobilizar as autoridades em saúde e a sociedade brasileira. A morte da dançarina Djidja Cardoso, de 32 anos, no fim de maio, colocou a substância no foco da mídia. Longe dos holofotes, jovens têm consumido o anestésico em eventos diversos.
A droga é conhecida como “tranquilizante de cavalo”, devido à sua potência e ao uso em procedimentos veterinários. A aplicação em humanos é restrita ao ambiente hospitalar, em doses controladas, para o tratamento de casos gravíssimos de depressão, por exemplo. O uso indiscriminado pode levar não só a efeitos psíquicos, mas também físicos, como taquicardia, arritmias, levando ao coma e até a morte súbita.
Os dados oficiais sobre o uso recreativo da substância ainda são escassos no Brasil. No Estado de São Paulo, houve alta de 78,94% nos exames toxicológicos que detectaram a substância entre 2019 e 2021, de acordo com informações obtidas pelo “Estadão”.
Com a maior procura pela cetamina para uso irregular, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) elevou o grau de risco do produto em abril deste ano, passando de C1 (substâncias sujeitas a controle especial) para B1 (psicotrópicas).
O interesse do mercado negro em torno da droga é visível, à medida em que a substância tem forte apelo em eventos frequentados pelas classes mais altas da sociedade. A informação sobre os riscos da droga deve chegar aos jovens, antes que a glamourização da substância os convença a experimentar. Um esforço que inclui a mídia, a escola e os demais círculos sociais.
A cetamina – assim como outros medicamentos que começaram a ser usados como droga recreativa – deve ter sua distribuição fortemente regulamentada no território. Os desvios e a corrupção devem ser mapeados pela Polícia Federal e demais instituições de segurança nacional.
Ainda cabe discutir, do ponto de vista existencial, o que tem levado as pessoas a procurarem sedativos. O que tem tornado a realidade social insuportável a tal ponto?