O número de brasileiros que ainda não usam a internet é alarmante, tendo em vista a importância cada vez maior da rede. A parcela de desconectados corresponde a 22,4 milhões de pessoas, o que equivale a 12% da população. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua).
É ainda mais assustador saber que o principal motivo para o não uso da rede é a falta de conhecimento sobre como operar a tecnologia. Essa é a razão apontada por 46% dos não adeptos da internet, isto é, cerca de 10,3 milhões.
A falta de domínio da tecnologia por grande parte da população é consequência da desigualdade educacional no Brasil.
A estrutura precária nas instituições públicas de ensino, escancarada na pandemia, é uma realidade crônica. Apenas 11% das escolas municipais e estaduais do país têm acesso à internet com velocidade adequada, segundo o Núcleo de Informação e Coordenação (NIC.br) divulgado em maio.
A escola deveria ser o lugar ideal para que os alunos tenham o primeiro contato com a internet de maneira qualificada e supervisionada. Mais do que o acesso, é fundamental saber explorar todo o potencial que esse recurso oferece.
Não basta ampliar a quantidade de horas conectadas. É preciso qualificar o acesso. A pesquisa do IBGE mostra que a troca de mensagens por texto e áudio predomina no período conectado.
Em seguida, o entretenimento é apontado entre as principais finalidades da internet. A telecomunicação e o divertimento são pontos positivos da universalização da tecnologia, mas a rede não se resume a isso.
O investimento em conectividade sempre compensa em termos econômicos e sociais. Vidas podem ser transformadas quando a internet é usada como uma ferramenta positiva, seja no caso da criança que tem aulas de programação online ou do idoso que realiza consultas médicas a distância.
O mundo, hoje, obriga o domínio da rede para que o indivíduo exerça sua cidadania plena. Sonegar essa possibilidade é um erro que vai custar caro ao país.