A exposição infantil na internet ganhou destaque no noticiário desde que foram feitas denúncias pelo influencer Felca na última sexta-feira. No vídeo, intitulado “Adultização”, Felca mostra como crianças e adolescentes têm sido erotizadas nas redes sociais. 

Os exploradores se valem da dificuldade de fiscalização para expor crianças e adolescentes seminus, em conteúdos relacionados a práticas sexuais. Uma estratégia perversa para conquistar mais visualizações, engajamento e, consequentemente, mais dinheiro em publicidade.

A denúncia feita pelo influencer ganhou proporções políticas, uniu parlamentares de direita e esquerda e deve provocar a agilidade na aprovação de leis que protejam os menores no ambiente digital, como adiantou o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos).

Essa realidade não pode continuar sendo tratada como um tabu: 54% dos adolescentes brasileiros já sofreram algum tipo de violência sexual online – cerca de 9,2 milhões de jovens, com ou sem interação direta com um agressor. Os dados são da ONG ChildFund.

Os abusadores se valem da inocência das crianças para impor o medo e evitar que sejam denunciados. A missão dos pais é monitorar a navegação dos filhos na internet e se tornar um porto seguro para o diálogo aberto sobre sexualidade. 

A escola também tem papel importante na orientação sexual, na identificação e no acolhimento das possíveis vítimas. Por sua vez, o Estado deve fornecer estrutura para as polícias se anteciparem à ação dos criminosos que se aproveitam de um suposto anonimato proporcionado pela internet.

Ainda se faz necessária a ampliação da rede de delegacias especializadas, principalmente em regiões distantes das metrópoles, e do fortalecimento dos canais de denúncia.
Também é indispensável a contribuição das chamadas “big techs” para facilitar o trabalho das polícias. Na internet, assim como na vida real, não deve existir espaço para um submundo em que tudo é permitido.